Entre os alvos da operação Calígula, está Ronnie Lessa, apontado como executor dos disparos que vitimaram ex-vereadora
O Ministério Público do Rio abriu nesta terça-feira, 10, uma operação batizada Calígula, contra suposta quadrilha liderada pelo contraventor Rogério de Andrade, junto de seu filho Gustavo, e que conta com a participação de ‘dezenas’ de criminosos, entre eles Ronnie Lessa, acusado pelo assassinato a tiros da vereadora Marielle Franco e do motorista Anderson Gomes, em 2018.
A Promotoria denunciou 30 pessoas por uma estrutura criminosa voltada à exploração de jogos de azar não só no Rio de Janeiro. São imputados aos envolvidos supostos crimes de organização criminosa, corrupção ativa e passiva e lavagem de dinheiro.
Até o momento, o MPRJ confirma onze prisões, além da apreensão de 17 aparelhos de celular, cinco notebooks, um HD e um pen drive. A operação apreendeu ainda R$ 2 milhões em espécie na casa da delegada licenciada Adriana Belém, bem como diversos documentos, pendrive, chips, noteiros, máquinas de cartão, 107 máquinas de caça-níqueis, cópias de processos e componentes eletrônicos.
Segundo o MP, a quadrilha ‘há décadas exerce o domínio de diversas localidades, fundamentando-se em dois pilares: a habitual e permanente corrupção de agentes públicos e o emprego de violência contra concorrentes e desafetos, sendo esta organização criminosa suspeita da prática de inúmeros homicídios’.
Agentes cumprem 29 mandados de prisão e vasculham 119 endereços, incluindo quatro bingos comandados pelo grupo. Segundo a Promotoria, até às 7h da manhã nove pessoas haviam sido presas.
De acordo com o MP, Rogério de Andrade e Ronnie Lessa mantém uma ‘parceria antiga’, sendo que foram identificadas ligações entre a dupla ao menos desde 2009, ‘quando Ronnie, indicado como um dos seguranças de Rogério, perdeu uma perna em atentado à bomba que explodiu seu carro’.
A Promotoria diz que, em 2018, ano do assassinato de Marielle e Anderson, ‘os dois denunciados se reaproximaram, e Rogério novamente se aliou a Ronnie e pessoas a este ligadas, abrindo uma casa de apostas na localidade conhecida como Quebra-Mar, na Barra da Tijuca, havendo elementos indicando a previsão de inauguração de outras casas na Zona Oeste do Rio’.
Segundo o órgão, o bingo financiado por Rogério e administrado por Ronnie e Gustavo de Andrade foi fechado pela Polícia Militar no dia de sua inauguração. “Em seguida, após ajustes de corrupção com policiais civis e militares, a mesma casa foi reaberta, e as máquinas apreendidas foram liberadas”, narrou a Promotoria.