(*) Wilson Aquino
Por mais que alguém procure ou tenha todos os recursos do mundo, o tempo é uma mercadoria que não pode ser comprada em loja alguma por preço algum.
No leito hospitalar, enfrentando uma grave doença em estágio irreversível, empresário sul-mato-grossense que juntou grande fortuna financeira à custa de muito suor e trabalho ao longo de mais de 30 anos de profissão, fez um balanço de vida e concluiu que perseguiu tanto o sucesso material que deixou de lado o verdadeiro sentido da vida, que é viver intensamente o dia a dia, apreciando e desfrutando de toda sua beleza e magia.
Concluiu que deixou de participar dos melhores momentos da vida de seus filhos, inclusive da infância deles, que cresceram sem sua presença marcante, pois estava sempre voltado somente ao trabalho.
Foram tantas coisas simples e “bobas” que perdeu, que somente agora enxergou a grandiosidade e beleza delas. Antes de concluir o balanço já sabia o que mais queria: ter um tempo, mesmo breve, porém de vida saudável, para participar de verdadeiros relacionamentos social e familiar, onde pudesse olhar nos olhos e ouvir atentamente as pessoas, especialmente aquelas que mais ama. Ele ainda citou exemplo de simples férias com esposa e filhos, onde daria maior valor a cada pessoa e viu a importância de finais de semana com todos juntos, conversando alegremente e sorrindo, em clima de muito amor e harmonia. Como isso lhe era caro, mas era tarde demais. Um tempo depois, faleceu.
Lamentavelmente, exemplos como esse são tantos e em tantas profissões e lugares. Muitos acordam um dia e constatam que seu tempo se foi e que perderam tantas oportunidades, a maioria simples, mas que elevariam em muito sua qualidade de vida pessoal, profissional e em família.
No mercado de trabalho a pessoa chega na segunda-feira mal-humorada, torcendo que o dia passe, que o trabalho finde e que mais um fim de semana chegue. Além de não valorizar e desfrutar do dia a dia, essas mesmas pessoas também não dão o devido valor ao bom relacionamento, pois tudo o que desejam é se afastar das obrigações trabalhistas para permanecer em completa ociosidade.
Também no mercado de trabalho o indivíduo reluta em tomar decisões importantes hoje e que poderiam fazer a diferença amanhã. Como buscar uma carreira profissional; encarar com alegria os obstáculos que são normais na vida de todos; ampliar o conhecimento por intermédio de cursos, uma faculdade, uma pós-graduação, mestrado…
Não se podem procrastinar decisões que sabemos que precisam ser tomadas e encaradas hoje, agora. Caso contrário, chega o amanhã e o indivíduo se depara com um balanço involuntário de vida e se arrepende por não ter sido ousado e partido para materialização de seus sonhos.
Deus, na sua infinita bondade e sabedoria, ensina o homem, por intermédio de seus profetas e das Escrituras Sagradas, que todos recebemos dons e habilidades para fazermos as mais variadas coisas. E é dever do homem identificar essas aptidões (habilidades físicas, manuais, intelectuais…) e trabalha-las da melhor maneira possível para que elas possam gerar bons frutos, sem, no entanto, deixar de apreciar a beleza da vida do dia a dia. Isto, mesmo que com o tempo, carreguemos pesados e dolorosos fardos.
É preciso que o indivíduo seja como um bom soldado para cumprir aqui a sua missão, seja ela qual for. Não importa se no final são obras grandes ou pequenas, pois o Senhor espera que sejamos eficientes e perseverantes no caminho que resolvemos trilhar. Isso implica não apenas a questão profissional, como também pessoal, social e familiar.
Feliz o homem que cumpre seu dever corretamente, como o Senhor espera que todos, absolutamente todos, façamos. E que reconheçamos, ao longo do caminho, que Deus é o Senhor de todas as coisas.
Ele também espera que, além disso, amemos nosso próximo como a nós mesmos. Esse é Seu segundo grande mandamento e seguir em frente sempre gratos e maravilhados com o dom da vida que recebemos a cada amanhecer.
Não podemos negligenciar no caminho. Precisamos trilhá-lo para quando chegarmos ao fim da longa jornada, não nos arrependermos por não termos vivido o verdadeiro sentido da vida.
(*) Jornalista e Professor