Monarca estava com a saúde debilitada e faleceu nesta quinta-feira, 8, na Escócia
A rainha Elizabeth II, monarca do Reino Unido e chefe da Commonwealth, morreu nesta quinta-feira, 8, aos 96 anos. A governante estava sob cuidados médicos na Escócia, onde faleceu, cercada por membros da Família Real.
Em comunicado, o Palácio de Buckingham informou que a rainha morreu “pacificamente” nesta tarde no palácio de Balmoral.
Mais cedo nesta quinta-feira, uma equipe médica foi destacada para supervisionar a soberana e expressou preocupação com seu quadro de saúde. Familiares próximos foram convocados para o palácio de Balmoral, residência de férias da Família Real e onde Elizabeth estava repousando durante a semana.
A saúde de Elizabeth já chamava atenção nos últimos meses devido a ausência em eventos ou adaptações em cerimônias tradicionais, como a nomeação da nova primeira-ministra do Reino Unido, Liz Truss. Ao invés da solenidade no palácio de Buckingham, como é de praxe, a nomeação ocorreu no palácio de Balmoral.
Entre os familiares que viajaram até a Escócia estão o herdeiro do trono, o príncipe Charles, os filhos Andrew, Anne e Edward, e seu neto príncipe William. Camila, mulher de Charles, também viajou e desmarcou um compromisso em Londres para poder visitar a monarca. O príncipe Harry e sua esposa, Meghan Markle, também viajaram até a Escócia.
Sucessão do trono e cerimônias tradicionais
Há décadas, assessores da Família Real deixaram um plano preparado, batizado de London Bridge, com todos os passos a serem efetivados após a morte da Rainha.
De acordo com o jornal The Guardian, o primeiro a ser notificado da morte, após a família de Elizabeth II, será o secretário particular da monarca. Após o secretário de Elizabeth II, o primeiro-ministro será avisado da morte da monarca, para então avisar os 53 chefes de Estado da comunidade britânica.
Após a declaração da morte da rainha, automaticamente Charles, que ocupa o posto de Príncipe de Gales, se tornará o novo rei da Inglaterra. Sem demoras, o futuro rei Charles precisará escolher seu novo nome. Ele tem entre as opções Charles III, Phillip, Arthur ou George.
Na mesma noite da morte de Elizabeth, Charles deverá fazer um discurso na TV. A programação prevê que às 11h do dia seguinte ele seja proclamado rei pelo parlamento. Camila, esposa de Charles, se torna rainha consorte.
De acordo com a tradição, a Inglaterra deverá ficar de luto por 12 dias. No fim deste período, Elizabeth II será enterrada no Castelo de Windsor.
Apesar de proclamado rei, a coroação de Charles pode demorar. Elizabeth apenas teve sua cerimônia um ano e quatro meses após assumir o posto.
Embora Charles se torne rei de imediato, William não será príncipe de Gales. O título tem que ser oferecido a ele, numa tradição da família desde 1301. Quando Charles oferecer o principado a William, Kate Middleton se tornará a nova princesa de Gales, assim como sua sogra, Diana.
Como rei, Charles precisará deixar a Clarence House e se mudar para o Castelo de Windsor, morada do soberano do Reino Unido.
A partir disso, o hino da Inglaterra sofrerá uma pequena alteração. Ao invés de “Deus Salve a Rainha”, cantarão: “Deus Salve o Rei”. As notas e moedas com o rosto de Elizabeth II sairão de circulação e novas, com o rosto de Charles, serão produzidas e distribuídas.
Mensagem aos brasileiros
Em um de seus últimos atos, a rainha Elizabeth II enviou ao Brasil mensagem pelo Bicentenário da Independência, felicitando o povo brasileiro. A mensagem foi compartilhada no Twitter pela encarregada de negócios da Embaixada do Reino Unido no Brasil, Melanie Hopkins.
“Em meio à celebração da importante ocasião dos 200 anos de Independência, gostaria de parabenizar Vossa Excelência e enviar minhas felicitações ao povo da República Federativa do Brasil, lembrando com carinho da minha visita ao país, em 1968. Que continuemos trabalhando com esperança e determinação para superar os desafios globais juntos”, diz a mensagem.
Trajetória
Além de rainha do Reino Unido e chefe da Commonwealth, Elizabeth também era Governadora Suprema da Igreja da Inglaterra e Comandante Suprema das Forças Armadas do Reino Unido. A figura da monarca também era muito conhecida mundialmente como um dos símbolos do país.
Elizabeth nasceu em Londres, capital da Inglaterra, como a primogênita do rei Jorge VI. Com a morte do pai, em 1952, ela assume o trono aos 25 anos de idade. Em 2022 ela celebrou 70 anos no poder, tornando-se a monarca com o reino mais longo após ultrapassar a rainha Vitória, então detentora deste título com 63 anos no poder.
Em 1947, Elizabeth se casou com o tenente da Marinha Philip Mountbatten, um príncipe grego, na Abadia de Westminster, em Londres. O casal teve quatro filhos: o príncipe Charles (nascido em 1948), a princesa Anne (1950), o príncipe Andrew (1960) e o príncipe Edward (1964). Philip morreu em abril de 2021, aos 99 anos, após 74 anos de casamento com a monarca.
Nos seus 70 anos de reinado, Elizabeth trabalhou com 15 primeiros-ministros e testemunhou 14 presidentes dos Estados Unidos, todos os quais ela conheceu, exceto Lyndon Johnson.
A vida da soberana foi marcada por eventos históricos e fatos pessoais como o nascimento e casamento de seus filhos e de seus netos, a celebração de jubileus, mortes na Família Real como de seu pai, rei Jorge VI, sua mãe, a rainha-mãe Isabel, sua irmã Margarida, além da marcante morte da princesa Diana, em 1997, ex-esposa de seu filho Charles, além de crises no Reino Unido que quase abalaram a monarquia.
Apesar disso, Elizabeth seguiu no poder e, em 2022, celebrou seu Jubileu de Platina – o 70º aniversário no trono – em 6 de fevereiro.