Com leitos disponíveis, prefeitura não encaminhou pacientes que foram a óbito por covid
O Secretário Estadual de Saúde, Geraldo Resende, disse na quarta-feira (9), durante entrevista à CBN Campo Grande que uma relação de 195 pacientes entre 2020 a 2021 que foram a óbito em UPAS e SRS na Capital sem ter acesso a leitos de UTI. “Esse ano também tivemos alguns óbitos em unidades de saúde de Campo Grande – 10 no total –, tanto UPAS como CRS, que poderiam ter acessado leitos no interior do estado”, denunciou.
Resende ressaltou que uma parcela significativa de pacientes que foram encaminhados para leitos de UTIs no interior de MS e em outros estados conseguiram preservar as suas vidas. “Em determinados momentos nós tivemos que recorrer a outros estados para atendimento da população do MS, e a gente viu que a Capital poderia ter enviado pacientes e nos causou espanto verificar que os estados de Rondônia, de São Paulo, e a cidade São Bernardo dos Campos nos ofertou leitos e Campo Grande se negou a mandar pacientes e acredito que nós poderíamos ter salvo vidas preciosas”, disse.
Nos últimos dois anos, segundo o secretário, o governo do Estado aplicou mais de R$60 milhões, computada a parceria para a construção de leitos de UTI em hospitais filantrópicos e privados na capital. “Na maioria das vezes (esse repasse) não é informado pelo município de Campo Grande”, declarou. Além do repasse em dinheiro, ele lembra que foram entregues insumos às unidades hospitalares da capital, desde EPIs a equipamentos para montagem de leitos de UTIs. Apesar dos repasses, Resende destacou que houve demora no atendimento à população.
Neste ano Mato Grosso do Sul saiu de sete para 17 municípios com leitos de UTI, com adição em Paranaíba, Coxim, Naviraí e Amambaí, que não tinham nenhum leito anteriormente. “Seguramente poderíamos ter encaminhado pacientes para esses municípios para que eles pudessem minimamente ter condições de acessar um leito, não sabemos o estado de saúde, se eles poderiam ter evitado os óbitos”, finalizou.
O secretário destacou ainda a gestão do Hospital Regional, centro de referência para atendimento de pacientes covid durante a pandemia, que ficou exclusivamente a cargo do governo estadual sem contrapartida da prefeitura de Campo Grande.
“O município se quer encaminhou um real no custeio, que gira em torno de R$30 milhões por mês. Se considerarmos isso desde 2020, o estado tem cifras enormes disponibilizadas a população de Campo Grande e dos municípios que referenciam a capital”.
Pré-candidato ao cargo de governador, o prefeito de Campo Grande, Marcos Trad, na visão do secretário pode ter tomado algumas decisões pensado na disputa política. “Não sei se já tinha alguma definição de processos de disputas eleitorais, onde isso poderia ser debatido, mas eu acredito que a vida é mais importante do que qualquer processo eleitoral”, pontuou.