A expectativa deu lugar à frustração. Na cartinha, Jonh Lennon, de 9 anos, pediu uma bola, uma camisa e uma chuteira de futebol. O presente veio perfeitamente embrulhado, mas no interior havia um conteúdo totalmente inutilizável
Querido, Papai Noel, meu nome é John Lennon, tenho 9 anos, quero muito ganhar uma bola, uma chuteira e uma camisa do Flamengo. Obrigado, Papai Noel”. Escrito à mão, este foi o pedido de Natal do campo-grandense John Lennon à campanha “Papai Noel dos Correios 2022”. O que a família da criança não esperava é que o sonho do menino se tornaria um pesadelo.
Após a mãe de John, Bruna Batista, levar a cartinha a uma das agências dos Correios da capital de Mato Grosso do Sul, a incerteza e a expectativa passaram a dividir espaço no coração do menino. Primeiro, porque não há nenhuma confirmação de que a cartinha será adotada. Segundo, pois somente o padrinho sabe o que tem dentro do embrulho antes da criança abrir o presente.
John é o mais velho de quatro irmãos e todos escreveram cartinhas para a campanha dos Correios. Logo, a alegria tomou conta da casa quando o carro da empresa de correspondências estacionou em frente à residência do avô do menino, no bairro Vila Cidade Morena, região sul de Campo Grande.
A expectativa tomou à frente da incerteza e John e os irmãos se questionaram quais deles teriam sido apadrinhados. Para o desânimo dos menores, somente o irmão mais velho teve a carta escolhida.
Ainda assim, para aqueles que têm tão pouco, o único presente foi motivo de festa compartilhada. A mãe das crianças chegou a postar uma foto do presente ainda fechado, celebrando o apadrinhamento da carta do primogênito.
O embrulho perfeitamente fechado mascarava perfeitamente o que ninguém podia esperar. Quando John abriu, um dos itens que ele havia pedido estava lá dentro, porém completamente fora dos padrões de uso, como comenta a tia do menino, Rosa Mosa.
“Ele pediu a chuteira e tinha uma chuteira toda descolada, velha, sem palmilha, com número maior que o dele, sem condição de uso”, afirma Mosa.
O coração de John, antes preenchido de expectativa e incerteza, por ora alegria, foi inundado de frustração. Com apenas nove anos, a sua expressão facial revelava tudo o que se passava em seu interior. “Na hora que ele abriu, ele ficou triste. Ficou sem palavras, entristeceu. Foi de cortar o coração”, comenta a tia.
“Ele ficou sem reação, porque até eu não sabia o que falar para ele”, lembra a mãe, Bruna Batista.
Após o choque, a revolta tomou conta da família. “O meu pai foi me contar a história, eu falei ‘é um absurdo, isso aqui não pode ser, é muita maldade, a pessoa não pode fazer um negócio desses’. No Natal, pegar uma cartinha de uma criança e fazer esse tipo de coisa?”, questiona Rosa.