Os trabalhadores da saúde do Hospital Universitário Maria Aparecida Pedrossian, em Campo Grande, entram em greve a partir de hoje (26). O motivo principal é a falta de reajuste salarial por quatro anos, previsto para acontecer todo mês de março. Outros 37 Hospitais Universitários da EBSERH (Empresa Brasileira de Serviços Hospitalares) também participam da ação. Eles reivindicam o reajuste salarial de 24%.
De acordo com os trabalhadores, houve diversas tentativas de diálogo com o Governo Federal, mas o processo de reajuste se arrasta por 4 anos sem resposta aos empregados. A categoria também exige a valorização pelos serviços prestados durante a pandemia de Covid-19 e a dedicação em restabelecer a saúde da população.
Secretário-geral do Sintsep (Sindicato dos Servidores Públicos Federais em Mato Grosso do Sul), Wesley Cássio Goully explica que os 24% corresponde ao valor acumulado nos últimos quatro anos, baseado na correção da inflação de 6% ao ano.
“Estamos em negociação com o governo desde 2018 e não tivemos resposta. Em uma das conversas eles propuseram, inclusive, diminuir o salário dos profissionais de saúde a partir da diminuição da insalubridade”, destaca.
Atualmente, os profissionais recebem 27% sobre o salário-base de cada categoria. A proposta do Governo Federal é reduzir pra 20% sobre o salário mínimo. Wesley Cássio ressalta que a mudança da base de cálculo da insalubridade acarretaria em uma diminuição de 20% para algumas categorias.
“Se recebêssemos cerca de R$ 4 mil, o máximo que chegaria a insalubridade seria em torno de R$ 440,00, uma redução absurda. Então, o que a gente pede é não reduzir e manter o reajuste desses últimos quatro anos. Não estamos pedindo aumento em cima da inflação e sim a correção de 6% ao ano”, explica.
Em nota, a Ebserh, empresa que administra 41 hospitais universitários do país, comunicou que a relatora do dissídio coletivo no TST (Tribunal Superior do Trabalho), ministra Delaíde Alves Miranda Arantes, determinou o percentual mínimo de manutenção de trabalhadores, em seus respectivos locais de trabalho, na base de 50% em cada área administrativa e de 60% para cada área médica e assistencial, sob pena de multa diária de R$ 50 mil, em caso de descumprimento.
“Com o início das manifestações, fica ainda mais clara a vontade dos empregados, semelhante à da Ebserh, em uma resolução rápida para o Acordo Coletivo de Trabalho (ACT)”.
Para solucionar o impasse, a Ebserh peticionou no dia 10 de agosto, no TST, um pedido de análise dos ACT’s em curso, solicitando o julgamento imediato do dissídio coletivo, inclusive quanto aos ACT’s em aberto.
Wesley Cássio destaca ainda que a greve segue por tempo indeterminado até que o Governo Federal proponha um acordo com a categoria, mas garante que o hospital seguirá mantendo os atendimentos para não impactar a saúde da população.
“Apesar da greve, temos um compromisso com a população. Vai existir a diminuição do serviço prestado, mas o que é essencial e inadiável será mantido”, finaliza.