Respondendo a vários processos criminais e ainda preso no Presídio de Trânsito, o pastor Gilmar Olarte renunciou ao cargo de vice-prefeito de Campo Grande, em carta encaminhada nesta quinta-feira à Câmara de Vereadores. O ex-parceiro do prefeito reconduzido Alcides Bernal planeja fazer delação premiada, intenção confirmada pelo seu advogado. Agora, a Capital tem um prefeito sob efeito de liminar e um vice em tese, o presidente da Câmara, João Rocha (PSDB).
A renúncia inédita de Olarte é uma tentativa de sua defesa para que as ações na Justiça voltem para a estância de primeiro grau, dando-lhe um fôlego a mais para recorrer e, ao menos, sair da prisão. Seu advogado, Jail Azambuja, disse que esta é a primeira estratégia para ampliar suas chances de defesa. A renúncia ao cargo público, tecnicamente, o livraria de embaraços jurídicos que poderiam atrapalhar a tentativa de se livrar da cadeia na tramitação do processo, segundo Azambuja.
A promotora de Justiça Cristiane Mourão Leal Santos, coordenadora do Gaeco (Grupo de Atuação Especial de Repressão ao Crime Organizado), garante que ainda não houve nenhum tipo de tratativa quanto a delação, que já movimenta os meios políticos e as redes sociais. “Cabe a ele (Olarte) nos procurar e dizer o que tem para nos oferecer”, explica a promotora. Isto é: apresentar alegações reveladoras, nada parecido com o que já foi anexado aos processos em andamento.
A carta-renúncia de Olarte foi protocolada às 8h30 de quinta-feira, na Câmara. Com a renúncia, ele pode ser beneficiado em três processos que estão no tribunal. Primeiro, da Operação Adna, convertida em ação penal e, depois, mais duas denúncias, a Operação Pecúnia e Coffe Break. Sua decisão também pode beneficiar a esposa, Andréia, porque o processo dela é junto com o seu. Olarte e Andréia (também presa) são acusados de enriquecimento ilícito, segundo o Ministério Público.
Questionado sobre a possibilidade de assumir o cargo de vice-prefeito, o vereador João Rocha nega e destaca que continua com a missão de presidente da Casa de Leis. “Não assumo, a minha missão foi dada pelos vereadores para ser presidente da Câmara Municipal, que é o cargo que vou continuar desempenhando”, disse o tucano, candidato à reeleição. A carta-renúncia, lida em rápida sessão na Câmara, será publicada na edição de amanhã (9) do Diário Oficial do Município.