Cezário faliu o futebol, acumulando poder e usando o cargo para desviar verbas públicas e dar emprego a parentes e amigos
Família unida é família feliz. Este deveria o lema do “tio Chico” ao reportar-se ao seu esforço para garantir vagas no mercado de trabalho aos sobrinhos. O problema é que esse esforço não custou suor algum, porque o empregador era o dono das vagas que abria como presidente da Federação de Futebol de Mato Grosso do Sul (FFMS). O nome do titio: Francisco Cezário de Oliveira.
Preso na manhã desta terça-feira (21) na Operação Cartão Vermelho, deflagrada pelo Gaeco (Grupo de Atuação Especial de Repressão ao Crime Organizado), Francisco Cezário finalmente será submetido às investigações e eventuais punições das quais vinha escapando desde fins de 1996, quando assumiu e não largou mais o comando da FFMS. Agora, ele e seus aliados, alvos da ação policial, vão responder por vários crimes, enquanto se cogita um processo de intervenção na entidade.
A operação cumpriu sete mandados de prisão preventiva e 14 de busca e apreensão em Campo Grande, Dourados e Três Lagoas. A denúncia aponta que os valores desviados de setembro de 2018 a fevereiro de 2023 passam R$ 6 milhões. No entanto, há muito mais coisa a ser apurada neste malcheiroso ambiente, especialmente pelo uso da Federação em proveito próprio e o empreguismo de parentes e amigos.
INTERVENÇÃO
Dirigentes esportivos e lideranças políticas que acompanham o caso e seus desdobramentos, disseram a esta FOLHA que a Confederação Brasileira de Futebol (CBF), mesmo suspeita por ter dado guarida aos sete mandados de Cezário em 28 anos de gestão, já concluiu que não terá outra saída a não ser intervir na FFMS. Não é a primeira vez que este tipo de solução foi levantado, mas o astuto dirigente de 77 anos de idade sempre usou poder e influência para seguir impune.
“Não há outro jeito, é preciso que se faça a intervenção e que seja nomeada uma pessoa de total confiança da sociedade, sobre a qual não pese qualquer suspeita e que tenha identificação com o esporte”, comentou um desses dirigentes, indignado com o acontecido. Nos bastidores, a ideia já avançou e as mesmas fontes revelam que um nome cogitado e com plena aprovação é o do coronel Sidinei Barboza, presidente do Rádio Clube. A reportagem tentou ouvi-lo sobre esta possibilidade, mas ainda não obteve retorno.
A sugestão procede. Para acabar com desvios de finalidades e de recursos e impedir que a FFMS continue como um cabide de empregos, só mesmo uma intervenção de peso e de crédito. Sidinei Barboza possui uma indiscutível bagagem moral e experiência em gestões vitoriosas. No Rádio Clube, com pulso firme e decisões inteligentes, tirou o vermelho que estava no gráfico havia anos e deu a ele a cor azul. Foi por 20 anos diretor do Departamento de Arbitragem, quatro anos diretor da Fundesporte e atuou com destaque em clubes como o Comercial, Operário e Guaicurus.