Antonio José Ueno, mais conhecido como Tony Ueno, o homem das pesquisas em Mato Grosso do Sul. Sujeito pacato, às vezes polêmico pelos números apresentados. Pós-graduado em administração pública, é cientista político e empresário e nasceu no município de Rio Negro, em Mato Grosso do Sul. Sua trajetória inicia-se em 1984, quando se mudou para Campo Grande em busca de oportunidade de estudo e trabalho. Coragem e determinação não faltaram ao cientista, que já foi vendedor de pão, lustrador de móveis, açougueiro e servente de pedreiro na Capital. Participou diretamente das campanhas eleitorais em 2010 e 2012, realizando pesquisas internas. Em 2014 suas pesquisas passaram a ser registradas. Em 2018 o Instituto Ranking se tornou uma referência no Estado de Mato Grosso do Sul. Os dados de suas pesquisas acertaram 20 dos 24 deputados eleitos no pleito, e 5 dos 8 deputados federais, senadores, governo, e presidente. Em 2020, o Instituto Ranking realizou diversas pesquisas em 51 municípios de MS e acertou os chefes do Executivo municipal eleitos em 38 cidades e, pela margem de erro, ainda acertou em mais nove municípios. Atualmente o Instituto Ranking é reconhecido nacionalmente e já realizou pesquisas em 11 estados da federação e cinco pesquisas sobre a gestão presidencial e eleições 2022.
FOLHA DE CAMPO GRANDE – Como o senhor avalia o cenário na disputa pelo governo do Estado deste ano?
TONY UENO – Considero que em 2022 teremos a eleição mais disputada da história de Mato Grosso do Sul. Temos quatro nomes fortes que despontam na corrida eleitoral. Apesar de serem ainda pré-candidatos, já dá para sentir que o embate será acirrado. Pela primeira vez a eleição não será polarizada, como sempre foi, começando na década de 80, quando Pedro Pedrossian e Wilson Barbosa Martins davam as cartas. Ora um disputava contra o indicado do outro. Depois, em 1998, Zeca do PT surpreendeu e quebrou o ciclo polarizando com Ricardo Bacha. Na seguinte, em 2002, com Marisa Serrano. Já em 2006, André Puccinelli bateu Delcídio Amaral e em 2010 venceu Zeca do PT. Na eleição de 2014, Reinaldo Azambuja polarizou com Delcídio e na sua reeleição, em 2018, com o Juiz Odilon. Todas polarizadas.
TU – Agora temos no páreo André, duas vezes prefeito da Capital e duas vezes governador do Estado, sempre bem avaliado. André é uma marca, uma grife, mas vai ter que carregar uma rejeição na casa de 20%. Se a eleição se desenhar disputada como imagino, isso pode pesar. Normalmente, o mais rejeitado é que perde votos no afunilamento da campanha. Já Rose Modesto, foi vereadora em Campo Grande, vice-governadora, deputada federal mais votada. Ela vem forte. É mulher e está com seu nome consolidado junto ao eleitorado. O prefeito Marquinhos Trad que, apesar de aparecer relativamente bem nas últimas pesquisas, vive o seu pior momento político, está em declínio. A cidade está mal cuidada, as finanças da prefeitura vão muito mal e se ele renunciar, penso que é para escapar de um eventual processo de improbidade administrativa. Chegamos no secretário de Infraestrutura do Estado, Eduardo Riedel. Muitos falam que ele é o Ricardo Bacha, que disputou e perdeu para o Zeca do PT em 1998. Competente, mas que não tem densidade eleitoral. Discordo. Ele, mesmo sem ser candidato, já aparece crescendo nas pesquisas. E representa um governo que vem transformando o Estado em todas as áreas. Mato Grosso do Sul é um canteiro de obras e o Estado tem dinheiro em caixa para bancar.
FCG- O governador Reinaldo Azambuja acertou ao indicar Riedel como seu candidato?
TU – Reinaldo Azambuja vai deixar um legado difícil de ser alcançado por outro governador. Faz um governo sério, pegou o Estado devendo dinheiro e vai entregar redondinho. Isso é resultado de uma equipe competente, de ações realmente sérias que demonstram amor por Mato Grosso do Sul. O governador delegou a Riedel a missão de tocar o projeto e ele fez com maestria. Além disso, quando a campanha começar, 70 prefeitos e mais de 800 vereadores pedindo votos pra ele… É uma força que não podemos de jeito nenhum desmerecer.
FCG – O senhor acha que a renovação na Assembleia Legislativa e na Câmara Federal vai seguir a média das últimas eleições?
TU – Na Câmara Federal duas vagas são abertas com Tereza Cristina, que vai disputar o Senado, e Rose Modesto, que disputará o governo. Não vejo esse ano nenhum fenômeno como em 2018, quando a onda Bolsonaro varreu o País. Acho que três deputados federais devem conseguir a reeleição. Já na Assembleia, acho que a renovação será maior que 50%. Digo isso analisando as pesquisas e, como entendo que a eleição será pulverizada, a chance de novos nomes aparece é bem maior. Novas lideranças surgem nos municípios e, com a eleição para governador disputada, é bem provável que reflita nas vagas de deputado estadual.
FCG – Como Ouvidor do Município, o senhor está dentro do governo municipal. O que acha que deu errado?
TU – Tenho muito orgulho do trabalho que desenvolvi na prefeitura. Transformamos a Ouvidoria e ajudamos muitas secretarias a se modernizar e também abri canais para auxiliar a população campo-grandense. Fiquei quatro anos e cumpri meu papel, dever cumprido. Depois da reeleição do prefeito, ele, com todo direito e para atender interesses políticos, resolveu oferecer a Ouvidoria a outra pessoa. Normal, ele que decide. Depois ele me ofereceu para ficar no gabinete, agradeci, mas preferi focar na minha empresa.
FCG – O senhor disse que o prefeito vive seu pior momento. Poderia exemplificar?
TU- No cômputo geral, a administração do prefeito de Campo Grande é de baixa sustentabilidade. A política de comunicação de Marquinhos Trad é personalista e valoriza muito mais a pessoa do prefeito em vez de enaltecer os feitos da gestão. Ele é um administrador esforçado, mas pouco criativo, com uma equipe dispersa, sem expressividade. Ele tem valorizado suas aparições em redes sociais, esquecendo que os meios virtuais funcionam para propaganda imediata, não materializam a imagem, nem deixam legado. A administração de uma prefeitura passa por cinco fases: primeiro quando o prefeito toma posse; a segunda é a do crescimento; a terceira é a de consolidação da imagem; a quarta é a do clímax, quando sobe ao cume da louvação; e a quinta e última é a fase do declínio. É o que está acontecendo com a administração do prefeito Marquinhos Trad.