* Por Geraldo Silva
O advogado Gerson Claro Dino está há dois anos e meio à frente do Departamento Estadual de Trânsito. Nesse período seu trabalho alcançou marca invejável, reconhecida pelos principais indicadores nacionais de desempenho: a redução de 33% dos acidentes de trânsito. Os bons e até surpreendentes resultados que o órgão vem protagonizando é creditado por Gerson a um comportamento mais conscientizado que vem crescendo entre os condutores e também aos objetivos gerais e setoriais da estratégia de gestão do governador Reinaldo Azambuja (PSDB).
Entre as diversas medidas funcionais que inovaram e garantiram eficiência aos serviços do Departamento destaca-se o Escritório de Processos, responsável pela implementação do Projeto “CRLV – Remessa Econômica”, concebido para reduzir os custos com o envio do Certificado de Registro e Licenciamento de Veículo (CRLV), via Correios, ao usuário. Desde o primeiro dia deste mês o documento passou a ser enviado em remessa econômica – envelope normal registrado – e não mais por meio de Sedex. Com a mudança, a economia alcançada chega a cerca de R$ 1,4 milhão/ano.
Instalado na sede do Detran, o Escritório de Processos é uma unidade estratégica vinculada à Diretoria de Tecnologia de Informação. Opera com equipe multidisciplinar encarregada de fomentar o conhecimento, prover metodologia, estimular o empreendedorismo dentro da organização, integrar e orientar as áreas com objetivo de realizar melhorias dos processos de negócio.
Com intervenções desse nível, o Detran presta uma contribuição expressiva ao esforço do governo para enfrentar e superar a conjuntura recessiva que vem afetando as receitas públicas. Gerson Claro Dino nasceu em Itaporã, é formado em Direito e História, tem pós-graduação em Gestão Pública e Direito Administrativo. Lecionou vários anos em escolas públicas de Sidrolândia e foi diretor da Associação dos Municípios (Assomasul). Casado com Kátia Bernardo, dois filhos, foi presidente do Diretório Municipal do PDT de Sidrolândia e já disputou uma eleição para deputado estadual.
Nesta entrevista exclusiva à FOLHA, Gerson Claro fala sobre os avanços implementados no Detran, a crise política e ética no País, a aprovação popular ao governo de Azambuja e a possível candidatura a um cargo eletivo em 2018, provavelmente a deputado estadual. E não tem dúvidas sobre a receita de sucesso que fez Mato Grosso do Sul resistir à violenta crise financeira e ainda fomentar o crescimento com uma das melhores médias nacionais de gestão: “O governador Reinaldo Azambuja governa para as pessoas”.
FOLHA DE CAMPO GRANDE – Quais as metas e investimentos do Detran para melhorar os serviços à população?
GERSON CLARO – No início da gestão do governador Reinaldo Azambuja foi feita uma pesquisa para nortear os investimentos e avaliar as necessidades dos usuários perante o Detran. Esse levantamento nos deu o embasamento para as entregas de projetos até o momento e projetos futuros. Nós criamos um Escritório de Processos que é responsável por oferecer consultoria e suporte técnico às diretorias do órgão. E é por meio do escritório que estamos fazendo as nossas entregas. Hoje já é possível ao usuário fazer a renovação simples da CNH via internet, ir até o Detran somente para realizar o exame médico previamente agendado. O Projeto CRV Fácil diminuiu de 15 para até sete dias a emissão do documento para proprietário de veículo na situação de alteração de característica veicular. O Projeto Condutor Legal, além de reduzir custos, otimizou em 25% o tempo de apuração dos processos de penalidades. Estamos caminhando para cada vez mais oferecer um serviço ágil e de qualidade.
FCG – Como sua gestão encontrou o órgão e como está hoje? Principalmente quanto a sua operacionalidade em tempos de crise e de ajustes administrativos…
GC – Quando assumi o Detran foi procedida a minuciosa análise do órgão e uma das carências apuradas era a falta de investimentos em tecnologia. Acreditando ser uma ferramenta fundamental para avançarmos e oferecermos serviços com mais agilidade em todas as áreas, deu-se início ao estudo do que seria implementado no primeiro momento. Apesar da crise que afeta o país, os investimentos em tecnologia são fundamentais para alavancar as melhorias no órgão, trazendo consigo uma grande economia, como por exemplo, a de papel.
FCG – Recentemente, foi realizado um encontro das gerências regionais. Quais os objetivos e resultados?
GC – Os encontros realizados com os gerentes das agências do órgão são fundamentais para a troca de experiência. O modelo de gestão é mais participativo, contempla, com prioridade, a valorização do servidor. Sempre deixamos bem claro que todos somos gestores públicos e que devemos ter equipes bem alinhadas para obter resultados de sucesso e atingir nossos objetivos. O Detran passa por uma fase de transformação, de qualificação, de modernização e de virtualização essencial à agilidade e à qualidade dos procedimentos. Atualmente, o Detran tem 89 postos de atendimento ao usuário, responsáveis pela realização de todos os serviços relativos à CNH e veículos em Mato Grosso do Sul. Por isso, atitudes como manter o diálogo, escutar o gerente e oportunizar o treinamento dos novos procedimentos são extremamente importantes quando se deseja assegurar respostas qualificadas ao usuário.
FCG – O grande desafio hoje tem sido tornar o trânsito mais humanizado. Existe um diagnóstico comportamental dos nossos motoristas?
GC – O que diagnosticamos é que não adianta tentar resolver os problemas do trânsito só com medidas de engenharia e sinalização. Da mesma forma, não adianta apenas punir. É fundamental sensibilizar, é determinante conscientizar ou tentar educar para o comportamento seguro e a direção defensiva. Todas as ações que visam à redução de acidentes e de mortes devem ser integradas, estratégicas e bem alinhadas. Nós buscamos oferecer à população estímulos adequados que levem à reflexão. Para que se mude e melhore o comportamento faz-se necessário ao motorista, ao motociclista, ao pedestre e demais envolvidos com o trânsito que tenham consciência do seu papel, das suas atitudes e responsabilidades. Que se convença que dirigir sob uso de álcool é infração, mas que, acima de tudo, está-se colocando em risco a minha vida e a vida de outras pessoas. É fundamental esse entendimento, de não sermos egoístas, mas sim de pensar nas consequências dos nossos atos. Um exemplo de que a sociedade está mudando é o Movimento Maio Amarelo, que com o tema “Minha Escolha Faz a Diferença” conseguiu alinhar ações coordenadas nos mais diversos setores da sociedade. Hoje, o acidente de trânsito é uma preocupação mundial.
FCG – Pesquisa aponta que as ações do Detran reduziram em 92% o número de acidentes com vítimas.
GC – Em Mato Grosso do Sul o número de acidentes de trânsito vem diminuindo desde 2013, ano em que foram contabilizados 31.973 acidentes. Já em 2016 foram registrados 24.698 acidentes, o que representa uma redução de aproximadamente 33%. Creio que a redução se deu devido às campanhas educativas e ao comprometimento do motorista em rever os seus hábitos no trânsito. O Detran promove ações educativas durante todo o ano, trabalhando com as crianças deste a primeira infância. É um trabalho incansável, porque acreditamos que conseguiremos reverter os números.
FCG – Qual a avaliação sobre o governo de Reinaldo Azambuja?
GC – O governador assumiu um Estado com graves problemas de manutenção financeira e administrativa. E pior, mergulhado em profundas crises locais e nacionais, com dívidas devoradoras, receitas despencando e investimentos represados ao máximo. Apesar de tudo isso, o governador Reinaldo Azambuja consegue resultados surpreendentes na contramão da crise e das previsões desfavoráveis. Segundo pesquisas, seu governo tem mais de 70% de aprovação popular. E isso não é por um acaso, não é por simpatia, não é por um favor. É reflexo do sucesso de todos os esforços para que o Estado mantenha suas perspectivas de progresso econômico e social.
FCG – Qual seria o grande segredo para esse desempenho?
GC – Compromisso com o interesse público. Nada mais que isso. Quando se governa com foco nesse compromisso, existe uma estratégia de gestão com diretrizes objetivas, bem planejadas e audaciosas. Um governo transparente, alicerçado em conceitos de administração baseada no desenvolvimento, mas que garante equilíbrio econômico. Não há segredo algum. Basta governar para as pessoas. É esta a estratégia do governo de Reinaldo Azambuja. Mato Grosso do Sul é um dos poucos estados que conseguem pagar os salários dos servidores em dia, gerar empregos e ainda trazer novas indústrias, mesmo tendo encargos pesadíssimos que incluem, entre outros, o de todo mês desembolsar mais de R$ 120 milhões para aliviar serviços da monumental dívida externa. O governador vem fazendo muito mais do que se poderia em virtude das condições que encontrou a máquina, mas ele mesmo, em sua humildade, diz ter plena consciência dos desafios que ainda precisam ser respondidos. O Estado resiste bravamente à crise e consegue crescer, porém o governo não está satisfeito e quer fazer muito mais, tanto em relação ao desenvolvimento econômico sustentável como na ampliação das oportunidades de promoção humana e inclusão social.
FCG – E a política nacional? O Sr vê alguma saída para o Brasil?
GC – Com certeza. Sempre fui e sou muito otimista – mais do que isso tenho fé no povo brasileiro e nas instituições. Nada acontecerá como mágica, caindo do céu ou com salvadores da pátria. Toda mudança é comportamental, cultural, do individual para o coletivo. Hoje, fazer política é um ato de coragem necessário, não deve nunca ser motivo de vergonha. Quem transgride deve submeter-se e responder aos rigores da lei, seja qual for sua bandeira, seu credo, seu partido. Não podemos ter corruptos de estimação: a régua moral que mede os outros deve também medir os nossos, sem exceções. O holocausto ético que vivemos hoje no País é uma oportunidade para a grande depuração. Em vez do desânimo, tenhamos iniciativa e coragem de mudar. A hora de agir é agora, não é o fim.
FCG – E o seu projeto político para 2018? O Sr é candidato a deputado estadual?
GC – Eu me sinto honrado e lisonjeado por ver meu nome incluído entre as opções de candidaturas e de renovação política no Estado. Mas não tenho projeto pessoal. Não seria, jamais, candidato de mim mesmo. Esta questão envolve uma conjuntura de relações afetivas e político-partidárias.
FCG – Mas o senhor tem um histórico de disputas que já pode credenciá-lo…
GC – Sim, é óbvio que minha atuação tem alguma visibilidade. Participo ativamente da política desde a juventude, aprendi a conviver ouvindo e debatendo sem me omitir aos chamados. Qualquer decisão no plano de disputas eleitorais, no meu caso, será sempre com o foco de servir à sociedade. Candidatura ou não é consequência do trabalho. No livro “O Monge e o Executivo”, de James C. Hunter, define-se: “Liderança é a habilidade de influenciar pessoas para trabalharem entusiasticamente, visando atingir aos objetivos identificados como sendo para o bem comum”. Na política é fundamental estar aberto às mudanças, quebrando paradigmas. O papel do líder é servir constantemente ao povo. Quem não tem este perfil que peça para sair.