Eleito com 2.199 votos, o vereador Marcos César Malaquias Tabosa tem uma trajetória de intensa atuação no meio profissional em que defende o sustento da família há 25 anos: é servidor público municipal da Secretaria de Educação. Porém, é no ativismo sindical que encontrou a sua vocação política, sobretudo depois que assumiu a presidência do Sindicato dos Funcionários e Servidores Públicos de Campo Grande (Sisem).
Agora, em seu primeiro mandato, afirma estar identificado com causas legítimas de todos os setores da sociedade, mas focalizando sua atenção nos servidores e todos os assalariados. Para ele, diversos segmentos se ressentem da incapacidade político-administrativa de uma gestão que frustrou expectativas e prepara-se para aventurar-se em outra disputa.
Tabosa refere-se à gestão de Marquinhos Trad e ao anúncio do prefeito de que pretende candidatar-se ao governo em 2022. “Sua gestão tem sido um desastre para Campo Grande. Marcos Trad é um grande maquiador de obras, péssimo gestor de recursos públicos”, dispara.
FOLHA DE CAMPO GRANDE – Quais os diferenciais de seu mandato neste primeiro ano de Câmara?
MARCOS TABOSA – Nós fomos eleitos pelos servidores municipais de Campo Grande, amigos, companheiros e familiares e temos atuado no parlamento municipal para avançar com essa categoria, sem perder de vista os problemas enfrentados pela população, como vistorias in loco e cobranças por melhores serviços do poder público.
FCG – Onde a atual gestão da cidade acerta e onde erra?
MT – Essa gestão do prefeito Marcos Trad só acertou no enfrentamento da Covid-19, quando colocou Campo Grande em primeiro lugar no país como modelo de vacinação. Isto foi feito com muitos recursos federais e ele ainda terá que prestar contas da sua correta aplicação. Fora isto, a gestão tem sido um desastre para Campo Grande em vários setores. Marcos Trad é um grande maquiador de obras e um péssimo gestor de recursos públicos.
FCG – A verba do contribuinte está sendo bem cuidada e bem aplicada ou há motivos para duvidar da lisura da administração?
MT – Tenho muitas dúvidas da lisura na correta aplicação dos recursos públicos. Pelo volume de recursos aprovados para serem gastos com obras e serviços e sabendo que aproximadamente 90% dessas obras feitas em Campo Grande são do governo estadual, fica uma pergunta no ar: onde e como foram aplicados os recursos dos contribuintes? Não pagou dívidas internas e externas, segundo o Tesouro Nacional; só reformou e inaugurou uma meia dúzia de pequenas obras que já estavam em fase de conclusão e nada mais. Apesar dos milhões de reais gastos com saúde, a população vem sofrendo com a situação das unidades sem estrutura adequada e em completo abandono, com falta de insumos, medicamentos, etc. O transporte público está falido e deficitário. Há falta de zelo e segurança dos patrimônios públicos; servidores de carreira desmotivados e desvalorizados, vendo a folha de pagamento inchar com contratados seletivos, como os do Proinc (Programa de Inclusão Profissional). Ou seja: muito cabide de emprego, gerando falência da assistência médica e da caixa de aposentadoria dos servidores. Enfim, há alguma coisa muito errada com esta gestão que somente uma completa auditoria vai desvendar.
FCG – O prefeito lança sua pré-candidatura ao Governo. É um direito legítimo ou existe algo contraditório nesta decisão?
MT – O prefeito tem dito em suas entrevistas que fará pelo Estado o que fez por Campo Grande. Apesar de ser legítimo seu pleito de concorrer ao governo, creio que seria um grande desastre para o Estado a sua eleição. Ele é um grande marqueteiro de campanha, mas um péssimo gestor no poder. Não cumpre o que promete e decepciona em quem confia em sua palavra.
MT – A minha carreira, a minha causa, é no serviço público municipal. Estou vereador, mas sou sindicalista e defendo o servidor e os mais necessitados. Tenho muitos compromissos com meus eleitores que ainda não consegui cumprir e não vou abandonar esta luta enquanto não avançar neste sentido. Portanto, não sou candidato a nenhum cargo na esfera estadual ou federal.
FCG – Você defende chapa própria do PDT ao governo estadual ou prefere uma aliança?
MT – O bom seria uma chapa própria do PDT, mas reconheço que o partido está em reformulação ideológica, migrando do centro-direita para o centro-esquerda. E isto está causando certo distanciamento partidário com outras siglas. Porém, creio que a executiva estadual está estudando a melhor postura para as próximas eleições, que são estaduais e nacionais. No plano municipal estamos trabalhando firme para que nas próximas eleições o partido possa ampliar sua participação no parlamento municipal e estar mais forte na disputa pela Prefeitura de Campo Grande.
FCG – Gostaria de acrescentar mais alguma coisa?
MT – Eu desejo que todos os campo-grandenses e sul-mato-grossenses tenham um excelente Natal e um 2022 repleto de paz, saúde e prosperidade. Estamos saindo de uma dramática crise sanitária que matou muitas pessoas no mundo todo, contudo em Campo Grande o caos será maior. Temos visto inúmeras obras paradas, unidades de saúde, escolas, Emeis sucateadas – e o prefeito abandonando o barco para disputar o governo estadual nas próximas eleições. Acho que ele vai deixar um “cavalo de tróia” para a vice-prefeita Adriane Lopes ano que vem, um presente de grego que causará grandes estragos à sua carreira política. Como tudo que está ruim pode piorar, Marcos Trad pretende levar para o governo estadual toda sua expertise, toda sua incompetência gestora para Mato Grosso do Sul.