Com a segurança de quem potencializou o trabalho, a inteligência, a fé e a responsabilidade como ingredientes de uma receita vitoriosa de vida, o empresário Marcos Calderan, de 53 anos, chegou no dia 10 deste mês ao centésimo dia como prefeito de Maracaju. Natural de Itaporã, formado em Administração, confessa que herdou muitos problemas na prefeitura. Porém, avisa: “Se tem problemas, não importa quem os criou. Vamos resolvê-los”.
Calderan está morando em Maracaju há 30 anos. Casado com Rosemeire Calderan, três filhos, religioso, exercendo agora o seu primeiro cargo na política, demonstra serenidade e confiança de que levará a bom termo a missão delegada pelos eleitores. E assegura que, mesmo saindo de uma disputa das mais conflituosas, já deixou os confrontos para trás e só está focado nas prioridades de sua gestão, sobretudo o enfrentamento da pandemia e a conquista de melhores condições para o município e a população.
Nesta entrevista à FOLHA, Marcos Calderan fala sobre como encontrou a prefeitura, a questão da pandemia, as mudanças cogitadas, o desafio das receitas e a parceria com o governo estadual.
FOLHA DE CAMPO GRANDE – O senhor acaba de completar 100 dias de administração. Esse período foi suficiente para ter uma dimensão real da herança administrativa, financeira e política que herdou?
MARCOS CALDERAN – Encontramos os saldos de uma gestão fraca, com a folha de pagamento inchada, escolas e repartições públicas municipais degradadas, frota de veículos e máquinas sem manutenção ou sucateada, pendências variadas. Só as dívidas com o Serviço de Previdência dos Servidores Municipais de Maracaju (Prevmmar), Sanesul, INSS e PIS/Pasep passam dos R$ 50 milhões. Mas estamos encarando os problemas e vamos resolvê-los, cada um a seu tempo e dentro das reais prioridades e capacidades do Município.
FCG – Quais as mudanças que sua administração pretende operar em Maracaju?
MC – Estamos implementando uma gestão de interesse público, participativa, transparente e responsável. Não apenas na palavra, mas na prática, desde o primeiro dia de gestão. Começamos pela reorganização da casa, cumprindo as demandas mais imediatas, como a prestação dos serviços essenciais em saúde, ensino, limpeza e já investindo em infraestrutura e urbanismo. Temos um conceito de gestão que busca resultados em atenção aos legítimos desejos das pessoas. É assim que trabalhamos, para garantir oportunidades a todos os maracajuenses de realizar os seus sonhos.
FCG – Existe alguma solução que não pode ser implementada enquanto perdurar a pandemia da Covid-19?
MC – A prevenção e o combate à pandemia, juntamente com a campanha de imunização, estão no topo das prioridades. E as restrições e demais impactos que ela está causando impede a adoção de providências que já poderíamos ter tomado. Além disso, a situação em que a prefeitura foi encontrada também oferece empecilhos. Por exemplo: no momento não podemos contratar servidores para melhor executar nossos projetos, pois a lei federal 173 não permite contratação. [Esta lei, que vai vigorar até 31 de dezembro deste ano, instituiu o Programa Federativo de Enfrentamento ao Coronavírus e proíbe estados, municípios e o Distrito Federal de criar empregos, cargos ou funções que implique aumento de despesa].
FCG – E como Maracaju está fazendo o enfrentamento do coronavírus?
MC – A gestão tem uma política pública de saúde que contempla de maneira específica e vigorosa o quadro de emergência. Isso implica atenção e cuidados totais na prevenção, no combate, na conscientização da população para seguir o que recomendam os protocolos da Ciência e da Medicina, como o uso de máscaras, de álcool gel e evitar festas e outras aglomerações. E igual empenho estamos tendo na campanha de imunização, de maneira articulada com o Estado e o Governo Federal, contando com a participação fundamental e decisiva dos profissionais da saúde, que estão tratando e salvando muitas vidas. Até o dia 14 deste mês tínhamos um total de 3.548 casos confirmados, com 50 óbitos e 3.311 pessoas curadas dessa doença.
FCG – O Município também passou a sofrer com a queda de receitas. Qual a solução que seu programa aponta para esse desafio?
MC – É não repetir erros cometidos pelas gestões que não sabem ou não querem tratar corretamente o dinheiro do contribuinte. Não é preciso fazer arrocho tributário, nem encurralar os contribuintes. É ter uma gestão que não desperdiça, mas que respeita os cofres públicos e não permite que esse dinheiro saia pelo ralo.
MC – Incentivando e atraindo investidores, fazendo as obras necessárias de infraestrutura e, consequentemente, fomentando a abertura de vagas no mercado.
FCG – As eleições foram muito acirradas. Esse ambiente já faz parte do passado? O senhor procura pacificar os ânimos ou a disputa política ainda cria problemas para sua gestão?
MC – Nossa campanha foi exemplar e histórica. Da nossa parte não temos problemas com isso, administramos para todos. A eleição acabou quando a Justiça Eleitoral proclamou os resultados. A partir daí, ao menos para nós, passou a prevalecer o interesse público, o interesse do Município acima de tudo.
FCG – Na parceria com o governo estadual, quais as principais demandas que Maracaju tem para encaminhar ou já estão sendo atendidas?
MC – Temos excelente parceria com o Governo do Estado. Já firmamos vários compromissos e todos estão sendo cumpridos. Posso citar a construção do Ginásio Olímpico, a aprovação de R$ 8.600.000,00 para recuperação asfáltica, a reforma dos Cepe’s (Centros Poliesportivos) e de escolas e creches, a aquisição de uma motoniveladora e quatro ônibus escolares. Temos também o programa Lote Urbanizado, com a construção das primeiras 200 casas em andamento.
FCG – Qual sua avaliação sobre o governo de Reinaldo Azambuja, entre erros e acertos?
MC – Os indicadores nacionais de desempenho de gestão nos dão a melhor resposta. Mato Grosso do Sul está entre os raros estados que não foram devorados pela crise. Está entre os que mais geram empregos e atraem investimentos, os que pagam em dia a folha do funcionalismo. E agora é um dos dois primeiros em desempenho na campanha de vacinação contra a Covid-19. O governador Azambuja acerta muito mais porque faz um governo municipalista e tem planejamento estratégico, governa para as pessoas e faz a obra do futuro.