* Por Paulo Fernandes
Em entrevista ao portal de notícias do Governo do Estado, o governador Eduardo Riedel (PSDB) defendeu as Parcerias Público-Privadas para atrair investimentos, garantiu que a regionalização da saúde não termina com a entrega do Hospital Regional de Dourados, defendeu uma reforma tributária em âmbito nacional e ressaltou que a relação com o Governo Federal será institucional, pautada pela maturidade e voltada para defender os interesses da população do Estado. “A base de uma boa governança é a transparência, a comunicação, para que você tenha esse diálogo permanente com a sociedade”. Na entrevista, ele fala sobre a montagem da equipe, os desafios e temas relacionados ao desenvolvimento. Em relação aos programas sociais, Riedel defendeu um crescimento inclusivo, mantendo a transferência de renda, mas atuando principalmente na geração de empregos, com qualificação profissional. “Transferência de renda pode ser feita por diversas modalidades. Agora, o real crescimento, sem deixar ninguém para trás, é a inclusão das pessoas na oportunidade de emprego, para que elas atuem dentro do sistema produtivo”, afirmou.
PAULO FERNANDES- Governador, o senhor concluiu a escalação da sua equipe de governo. É o time que o senhor idealizou?
EDUARDO RIEDEL- Buscamos compor o governo com líderes que tenham condição técnica e política de conduzir as propostas que estão no plano de governo para cada área. Então, são lideranças que vão reunir os seus times para que isso possa ser levado adiante. Sem dúvida são pessoas que têm muita experiência. Cada um tem a sua história, cada um construiu ao longo da sua vida ações que já deixam uma marca e isso é muito importante: que a gente tenha um time comprometido com Mato Grosso do Sul. São poucos os secretários, mas além dos secretários você tem lideranças também para projetos específicos.
PF- Pesquisa recente mostra que a população está otimista com o governo. Qual é a sua expectativa com a própria gestão?
ER- Acho que só aumenta a responsabilidade. Quando a gente recebe esse tipo de informação coloca nos ombros de todos a responsabilidade de fazer aquilo que a gente tem buscado e vai buscar de maneira muito determinada, com técnica, liderança, articulação para que a gente leve adiante esse Mato Grosso do Sul que nós estamos propondo e é muito bom ver que a sociedade está apoiando, por isso que é muito importante conversar sempre com a sociedade. A transparência é fundamental nesse processo. Eu sempre falei muito disso. A base de uma boa governança é a transparência, a comunicação, para que você tenha esse diálogo permanente com a sociedade.
PF- A regionalização da saúde está sendo concluída. Como está a construção do Hospital Regional de Dourados? Quando a população vai poder usufruir desse equipamento?
ER- A regionalização é um processo em andamento. Ele não se encerra na entrega e na operação de um equipamento como o Hospital Regional de Dourados. Já teve o de Três Lagoas, o de Ponta Porã… Mas é um processo também de apoio aos equipamentos municipais, sejam filantrópicos, sejam mantidos pelas prefeituras, repasses de recursos, novos projetos que nós vamos fazer junto aos municípios. Então, a regionalização é um conceito. O uso da rede privada, que ativa a rede privada para ajudar a conter as filas que tem na saúde, está tendo um resultado fantástico. É um conjunto de ações que nós vamos colocar em prática para realizar aquilo que a sociedade espera, que é o atendimento no seu local mais próximo.
PF- Hoje, 40% das escolas estaduais funcionam em tempo integral. A intenção é universalizar? Vai ter opção para alunos que queiram estudar em apenas um período?
ER- A gente considera a universalização do ensino em tempo integral, mas vai existir aquele aluno que, por algum motivo, não possa ou não queira participar de uma escola de tempo integral e ele vai ter essa possibilidade. Então, é um desafio ainda maior, mas nós temos que respeitar essa situação posta para realidades sociais distintas, que é necessário e a gente não pode prejudicar as famílias. O Estado está orientado a buscar o máximo de alunos nas escolas de tempo integral e terá essa capacidade de oferecer a todos essa modalidade, mas aqueles que não puderem vão ter a opção de estudar em uma escola que não seja de tempo integral.
ER- Dentro das Parcerias Público-Privadas (PPPs) existem diferentes formas de atração do capital privado para a área específica de atuação da política pública. É um grande instrumento de alavancar áreas específicas. A única ressalva que eu tenho é em relação a projetos mal feitos, porque esses dão problemas na atração desse capital. Se você tem uma boa modelagem para qualquer área de atuação, ela vai dar resultado, porque você vai injetar recursos de uma fonte externa para atender a população. Se a modelagem é bem desenhada e o projeto é bem feito, o resultado virá. Tanto é que Mato Grosso do Sul é um exemplo nacional, de quase R$ 11 bilhões atraídos do privado para atender política para o cidadão que sente a melhora dos serviços.
PF- O senhor está iniciando a gestão. Qual é o Mato Grosso do Sul que imagina daqui a quatro anos, quando concluir o mandato?
ER- Muitas pessoas perguntam qual o legado do Riedel governador. Eu, talvez pela minha formação em enxergar diferentes áreas da política pública, a gente tem que ter muito claro o que a gente tem hoje e o que nós poderemos ter daqui a quatro anos. Se nós evoluirmos expressivamente em áreas que podem parecer básicas e simples, mas que para as pessoas faz muita diferença, eu vou me dar por muito satisfeito. Nós estamos falando de saneamento básico, da rua na frente da sua casa asfaltada, de uma habitação para quem não tem, de uma escola de qualidade para que o filho daquela pessoa que não consegue uma oportunidade hoje tenha um futuro diferente do dela. É uma grande conquista. E uma saúde que atenda a totalidade da população com qualidade, sem horas de fila. Eu acho que é o essencial da política pública.