Instituída pela Lei 12.604/2012, a Semana Nacional de Controle e Combate à Leishmaniose é celebrada anualmente em agosto. Causada por mais de 20 espécies de protozoários e inoculada por mosquitos (flebótomos) nos cães e cavalos, a doença tem dois tipos, a tegumentar e a visceral, a mais perigosa por ser uma endemia das mais negligenciadas do planeta, segundo a Organização Mundial de Saúde.
Para enfrentar o desafio de uma doença mortal, a campanha nacional tem uma versão estadual desenvolvida pelas equipes médica e de marketing da Animed Clínica Veterinária. Segundo a médica veterinária Ana Atália Lucas da Silva, a melhor defesa das pessoas está na prevenção. Nesta entrevista, ela fala sobre a campanha e faz as recomendações pertinentes sobre as precauções que a sociedade deve tomar.
FOLHA DE CAMPO GRANDE – O que é a leishmaniose e como ela pode infectar animais e pessoas?
ANA ATÁLIA – A leishmaniose visceral é uma zoonose [infecta humanos e animais] causada pelo protozoário leishmania infantum, transmitido pelo mosquito palha, o vetor.
AA – Prevenção com uso de coleiras repelentes ou inseticidas, pipetas e spray. Isto evita que o flebótomo pouse no animal e ocorra a transmissão. É bom enfatizar: a leishmaniose tem tratamento.
FCG – Já foram produzidos imunizantes contra a doença e uma vacina teve seu uso suspenso. Esta prevenção já está autorizada?
AA – Até agora, agosto de 2023, o uso da vacina Leishtec permanece suspenso pelo Ministério da Agricultura.
FCG – A leishmaniose ataca espécies selvagens e domésticas, como o cão e o cavalo. É necessário, então, combater os focos de mosquitos?
AA – Exatamente! Como a doença é transmitida pelo mosquito palha e pode infectar mais de uma espécie animal, é preciso combater o foco dos insetos para evitar a proliferação da doença. Medidas como higienização de ambientes, podas de árvores e uso de inseticidas específicos são ótimas para combater os focos e reduzir as chances de contágio.
FCG – Como está sendo desenvolvida e quais os principais apelos da campanha em Mato Grosso do Sul?
AA – A campanha de prevenção e combate à leishmaniose está sendo desenvolvida pela equipe de marketing da Animed Clínica Veterinária, que definiu um projeto para atender os meios de prevenção da zoonose. Com este projeto se buscou parcerias do setor privado que trabalhem com os produtos utilizados na prevenção, que trabalhem com os produtos utilizados no tratamento e na qualidade de vida, além de veterinários que atuam na rotina conosco e no tratamento da leishmaniose em Campo Grande. Assim, juntos é possível produzir uma campanha eficiente e educativa para que a sociedade se informe sobre uma doença que é endêmica em nossa região.
AA – Com a produção de conteúdos informativos em formato digital e físico. Um evento presencial está agendado para o dia 19 de agosto, a partir das 9h. Será na clínica [Rua Luiz Dódero, 317]. Teremos a feira de adoção, debate sobre a doença – com foco na leishmaniose visceral canina -, sorteios, brindes, avaliação e testagem gratuita. Esta dinâmica foi pensada para abranger, de forma sistematizada, a leishmaniose e seus processos, que fazem parte da nossa rotina. Com a educação, visamos reduzir o número de eutanásias e abandonos em decorrência da doença, além de combater a desinformação, que é gigantesca.
FCG – Porque a campanha é específica contra a leishmaniose visceral canina se há outros tipos de ocorrência?
AA – A campanha focaliza a leishmaniose visceral canina porque, dos animais que podem contrair a doença, esta espécie é a que apresenta o maior estudo disponível, além de um tratamento preconizado. Na nossa rotina de clínica veterinária, de todos os casos que recebemos, quase 100% são de cães infectados. Por isso, podemos nos comunicar com a sociedade educando com propriedade, em razão do que vivemos na nossa rotina. Ressaltamos, contudo, que o principal motivo está nos estudos dispostos para esta espécie em relação às demais e no tratamento já disseminado pelo meio veterinário.