Estado, que ocupa posição de destaque na produção de etanol, enfrenta desafios com a redução na moagem e na qualidade da cana
A seca e as queimadas que assolaram o Centro-Sul do Brasil nos últimos meses estão deixando marcas profundas na produção de cana-de-açúcar, especialmente em Mato Grosso do Sul. O estado, que ocupa posição de destaque na produção de etanol, enfrenta uma redução significativa na moagem e na qualidade da matéria-prima, segundo dados da Unica.
O diretor de Inteligência Setorial da Unica (União da Indústria de Cana-de-Açúcar e Bioenergia), Luciano Rodrigues, explica que além das unidades que haviam programado seu término de moagem para a quinzena, a condição climática desfavorável para colheita ocasionou paradas pontuais em toda região Centro-Sul, impactando o ritmo de processamento das empresas em operação. A afirmação consta de Relatório de Safra – 1ª Quinzena de Novembro/2024, distribuído nesta quinta-feira, 28.
Segundo os números da Unica, operaram na primeira quinzena de novembro 223 unidades produtoras na região Centro-Sul, sendo 204 unidades com processamento de cana, nove empresas que fabricam etanol a partir do milho e dez usinas flex. No mesmo período, na safra 23/24, operaram 237 unidades produtoras.
Até o final da primeira quinzena de novembro, 25 unidades encerram a moagem. No acumulado desde o início do ciclo 2024/2025, 65 unidades finalizaram as operações. No mesmo período da safra anterior, 50 usinas haviam finalizado a moagem.
Mato Grosso do Sul se destaca em nível nacional ocupando a quarta posição no ranking de produção de etanol de cana-de-açúcar e a segunda posição na produção do etanol de milho, que juntos somaram 3,8 bilhões de litros na safra passada (75% da cana e 25% do milho). São 20 usinas no total.
A área plantada de cana-de-açúcar no Estado já chega a 800 mil hectares espalhados em 42 municípios. O setor responde por 120 mil empregos diretos e indiretos e representa 16% do PIB (Produto Interno Bruto) Industrial.
Qualidade da matéria-prima melhora
Em relação à qualidade da matéria-prima, o nível de Açúcares Totais Recuperáveis (ATR) registrado na primeira quinzena de novembro atingiu 133,09 kg de ATR por tonelada de cana-de-açúcar, contra 132,26 kg por tonelada na safra 2023/2024 – variação positiva de 0,63%. No acumulado da safra, o indicador marca 142,31 kg de ATR por tonelada, índice levemente superior (1,22%) ao do ciclo anterior na mesma posição.
Produção de açúcar e etanol
A produção de açúcar nos primeiros quinze dias de novembro totalizou 897,53 mil de toneladas, registrando queda de 59,18% na comparação com a quantidade registrada em igual período na safra 2023/2024 (2,20 milhões de toneladas). No acumulado desde o início da safra até 16 de novembro, a fabricação do adoçante totalizou 38,27 milhões de toneladas, contra 39,47 milhões de toneladas do ciclo anterior (-3,04%).
“Além da queda na moagem, a redução na produção de açúcar foi afetada pela menor proporção de cana direcionada à fabricação do adoçante na quinzena. Na primeira metade de novembro do ciclo 2023/2024, cerca de 50% da matéria-prima havia sido utilizada para a produção de açúcar, nesse ano o indicador atingiu apenas 43% da cana-de-açúcar utilizada para a fabricação do adoçante”, explicou Rodrigues.
Na primeira metade de novembro, a fabricação de etanol pelas unidades do Centro-Sul atingiu 1,06 bilhão de litros, sendo 608,08 milhões de litros de etanol hidratado (-38,80%) e 450,49 milhões de litros de etanol anidro (-29,51%). No acumulado do atual ciclo agrícola, a fabricação do biocombustível totalizou 29,92 bilhões de litros (+4,50%), sendo 19 bilhões de etanol hidratado (+12,01%) e 10,92 bilhões de anidro (-6,42%).