Reajuste considera inflação e outros fatores, mas preços não são repassados ao consumidor de uma vez
O preço de remédios regulados pelo governo federal vai subir em até 5,6% a partir de abril, conforme divulgado pela Câmara de Regulamentação do Mercado de Medicamentos (Cmed), órgão da Agência Nacional de Vigilância Sanitária (Anvisa). O aumento, que atinge 28 mil medicamentos, não é imediato e o consumidor deve começar a sentir seus efeitos no fim deste mês.
Esse é o limite do reajuste permitido pelo governo e que pode ser repassado aos consumidores pelas farmácias de uma única vez ou escalonado ao longo do ano.
Como o reajuste não é imediato nem automático, a expectativa do setor é que o aumento nos preços comece a ser sentido no final de abril. Mesmo assim, cabe a cada farmácia decidir aumentar os preços ou não.
O reajuste leva em consideração a inflação e outros três fatores, entenda o cálculo:
• IPCA: inflação oficial do país acumulada de março de 2022 a fevereiro de 2023;
• Fator X: índice que mede o nível de produtividade do setor farmacêutico;
• Fator Y: mede os impactos de itens que estão fora do IPCA;
• Fator Z: existem três níveis (1, 2 ou 3), definidos com base na concorrência do mercado. Se um remédio é vendido por apenas uma empresa, por exemplo, o reajuste vai entrar no nível 3, que é mais baixo.
Agora, se existem uma série de laboratórios que fabricam o mesmo remédio, com mais concorrência, o reajuste é o maior de todos (nível 1).
“Ano atípico”
O percentual de aumento divulgado nesta sexta bate com a projeção calculada pelo Sindicato da Indústria de Produtos Farmacêuticos (Sindusfarma), de 5,6%.
A justificativa para o número, conforme divulgou o sindicato em nota, foi devido ao “ano atípico para a indústria farmacêutica”. Entre as razões, estão gargalos operacionais e financeiros; escalada dos custos de produção — puxada pela elevação de preços dos insumos farmacêuticos ativos IFAs), cotados em dólar —, e pelo aumento das tarifas de frete das matérias-primas.
“Por isso, mesmo reajustando preços pelo índice autorizado ou sendo obrigadas a reduzir descontos em alguns produtos, várias indústrias farmacêuticas fecharam o balanço de 2022 com margens reduzidas”, diz o comunicado da Sindusfarma.