Inflação da proteína ficou em queda por um ano e meio, mas voltou a aumentar em setembro deste ano. Clima, exportações, renda e ciclo da pecuária ajudam a explicar alta
Após um ano em meio em queda, os preços das carnes voltaram a subir em setembro e outubro no Brasil, impulsionadas pela alta no valor da proteína bovina.
Nos 12 meses encerrados em outubro, as carnes ficaram 8% mais caras aos brasileiros, com destaque para cortes populares, como o patinho (11,5%), acém (10%) e contrafilé (9%), mostra o Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE).
Quatro fatores ajudam a explicar a alta de preços
- Ciclo pecuário: após dois anos de muitos abates, a oferta de bois vai começar a diminuir no campo;
- Clima: seca e queimadas prejudicaram a formação de pastos, principal alimento do boi;
- Exportações: Brasil é o maior exportador de carne bovina do mundo e vem batendo recordes de vendas;
- Renda: queda do desemprego e valorização do salário mínimo estimularam compras de carnes.
Veja detalhes abaixo e entenda se preço vai baixar.
1. Altas e baixas do ciclo pecuário
A oferta de bovinos começou a ficar mais restrita no campo e um dos motivos que explica isso são os ciclos da pecuária, explica Felippe Serigati, coordenador do mestrado profissional em Agronegócios da Fundação Getúlio Vargas (FGV).
Em resumo, eles funcionam assim:
- alta do ciclo: quando há uma expectativa de alta nos preços do bezerro, os pecuaristas, em vez de abater as vacas, as mantêm nas fazendas para reprodução, movimento que provoca um aumento nas cotações dos bovinos (boi gordo, bezerro, novilhas, boi magro, vaca gorda, etc.);
- baixa do ciclo: quando as projeções do preço do bezerro começam a cair, um volume maior de fêmeas é encaminhado para os abates. Isso amplia a quantidade de carne no mercado, gerando uma queda nas cotações dos bovinos.