O Pix passou a dividir, junto com o boleto, o 2º lugar entre os meios de pagamento mais usados no e-commerce após bater recorde em aceitação nas maiores lojas online do país. Os dados são da edição mais recente do Estudo de Pagamentos Gmattos, antecipado ao portal Valor Econômico.
O cartão de crédito segue na liderança, mas enfrenta mudanças significativas, já que menos lojistas estão dispostos a aceitar parcelamento de 12 vezes sem juros – uma forma de incentivar os consumidores a pagarem suas compras em menos vezes. Ainda assim, cerca de 98,3% dos varejistas trabalham com a modalidade, enquanto Pix e boleto estão em 78% das lojas analisadas.
De acordo com a Gastão Mattos, CEO da consultoria, o Pix tem capacidade para alcançar 92% e se tornar a forma preponderante de pagamento à vista para os lojistas. O estudo considerou 59 lojas online, que juntas representam 85% do comércio.
Desafios e incentivos
Mattos aponta que as lojas que ainda não oferecem Pix se enquadram em um dos seguintes cenários: ou já trabalham com modalidades de pagamento à vista e não priorizam o sistema instantâneo por dificuldades, como integração tecnológica, ou fazem apenas operações a prazo, como é o caso de companhias aéreas.
Além disso, ainda há alguns desafios para a maior adesão do modelo. Maurício Salvador, presidente da Associação Brasileira de Comércio Eletrônico (ABcomm), explica ao Valor que o primeiro deles é a grande aceitação do parcelamento sem juros. O segundo é o número de fraudes envolvendo o Pix. “Fica muito mais difícil para o consumidor reaver o dinheiro se ele tiver algum problema. No cartão, o processo de ‘chargeback’ [cancelamento da compra] está consolidado”. Somam-se a isso os vazamentos de dados, que atingiram cerca de 580 mil chaves.
Em contrapartida, há um aumento no incentivo, por parte dos vendedores, para que os clientes usem mais o Pix. Cerca de 24% das lojas on-line que aceitam essa forma de pagamento oferecem descontos, que podem ir de 3% a 10%.
Ainda que esteja em crescimento, o Pix não tira o lugar do boleto, ainda amplamente aceito no e-commerce. Quem sai prejudicado é o débito, meio de pagamento que nunca foi plenamente usado nas compras online.