A travessia intermodal do Brasil para o Paraguai será concretizada em 2023, quando for inaugurada a ponte entre Porto Murtinho e Carmelo Peralta. Este é um trecho estratégico e avançado da tão sonhada Rota Bioceânica, que fará mais curto e mais competitivo o acesso do Brasil aos portos do Peru e do Chile, os mais próximos do Oceano Pacífico, caminho para os grandes mercados da Ásia e outros continentes.
Avança, dessa forma, a projeção de muitas lideranças sul-mato-grossenses que acreditaram e acreditam nesta alternativa integracionista. O governador Reinaldo Azambuja (PSDB) é um dos exemplos da convicção que anima há secularmente os sonhadores de um continente próspero, soberano e unido com força econômica e social definida. Na semana passada, autoridades do Brasil e do Paraguai fizeram uma visita técnica ao ponto do Rio Paraguai, em Porto Murtinho, onde deve ser construída a nova ponte ligando os dois países e que concretiza o ambicioso projeto da Rota de Integração Latino-Americana (RILA). A obra será financiada pela Itaipu Binacional.
O secretário estadual de Meio Ambiente, Desenvolvimento Econômico, Produção e Agricultura Familiar (Semagro), Jaime Verruck, afirmou que os esforços serão concentrados para concluir todos os projetos e trâmites burocráticos em 12 meses, de modo que a obra seja iniciada. E a pretensão é inaugurar a ponte em agosto de 2023. “É um grande passo para a estruturação logística e a integração econômica de Mato Grosso do Sul, e torna realidade o sonho de muitas pessoas”, afirmou Verruck. O investimento estimado é de US$ 75 milhões.
Este foi o primeiro encontro de trabalho para discutir o projeto entre as autoridades dos dois países. Estavam presentes também diretores da Usina Hidrelétrica Itaipu Binacional, que financiará a obra, em parceria com o governo paraguaio. A visita técnica teve o objetivo de definir o local em que a ponte será construída, explicou o diretor da Itaipu Binacional, Carlos Marun. “A partir daí é possível a convocação de uma reunião extraordinária do Conselho de Administração para aprovar os recursos destinados ao custeio da fase preparatória, que seriam os estudos, o licenciamento”, disse Marun.
MARCO
O diretor-geral da Itaipu no Paraguai, Jose Alberto Alderete, afirmou que as obras que foram assumidas por Itaipu “são um marco” para a integração sul-americana. “Após 53 anos da construção da Ponte da Amizade sobre o rio Paraná, Itaipu constrói mais uma ponte internacional. A ponte ligando Porto Murtinho a Carmelo Peralta será a primeira sobre o Rio Paraguai a unir os dois países”. Conforme ele, “a construção das pontes vai promover o desenvolvimento da fronteira Paraguai-Brasil e proporcionar benefícios para a população dessa região”.
Na ocasião foi apresentado um estudo técnico realizado pelo Ministério dos Transportes em 2016 e outras definições técnicas. O local escolhido para construir a ponte fica a pouco mais dez quilômetros à direita da cidade de Porto Murtinho, subindo o rio. No lado paraguaio fica a cidade de Carmelo Peralta. Para tanto será preciso implantar um trecho de 11 quilômetros de asfalto costeando o rio, a partir da BR-267. No lado paraguaio serão mais quatro quilômetros até a área urbana de Carmelo Peralta.
A obra terá como parâmetro a ponte estaiada construída sobre o rio Paranaíba e que liga a cidade de Paranaíba (MS) a Porto Alencastro (MG). Esse modelo não atrapalha a navegabilidade do rio, pois os pilares serão erguidos nas margens e a uma altura que permite às embarcações passagem por baixo. A extensão total da ponte terá 680 metros, de uma barranca a outra do rio, 12 metros de largura com mais uma passarela lateral para pedestre de um metro de largura. O vão entre os dois pilares terá 380 metros, mais 150 metros de cada pilar até a margem. A altura dos pilares que sustentarão os cabos será de 95 metros.