A queda recente da inflação e a segurança no mercado de trabalho são alguns dos fatores que explicam o aumento da intenção de compra dos brasileiros
A ICF (Intenção de Consumo das Famílias) cresceu 1,4% em comparação com julho e atingiu os 101,1 pontos em agosto, o maior nível desde 2015. Acima dos 100 pontos, o indicador elaborado pela CNC , divulgado nesta quarta-feira (23), representa percepção de otimismo para o Brasil.
A última vez em que o ICF esteve no campo positivo tinha sido em abril de 2015 (102,9 pontos). Desde janeiro de 202, o dado tem apresentado altas mensais.
A queda recente da inflação e a dinâmica favorável no mercado de trabalho são alguns dos fatores que explicam o aumento da intenção de compra dos brasileiros.
Segundo a economista responsável pela pesquisa, Izis Ferreira, quatro em cada dez entrevistados da pesquisa (42,5%) indicaram que estão mais seguros no emprego em relação ao ano passado. Esse é o percentual mais alto desde março de 2015.
Izis explica que isso ocorre porque o mercado de trabalho continua registrando um aumento das contratações formais, mesmo que em menor intensidade em relação ao início do ano.
Seis dos sete quesitos que fazem parte do ICF apresentaram queda em agosto. No acumulado do ano, todos tiveram melhora.
Endividamento e acesso a crédito
Uma preocupação evidenciada pela edição de agosto da pesquisa, é o endividamento que ainda está em nível elevado, o que limita a capacidade de consumo.
Conforme o levantamento, 40 em cada 100 consumidores dizem que estão comprando menos que há um ano. Nesse cenário, as vendas no varejo têm demonstrado dificuldade de sustentar crescimento de forma uniforme entre os segmentos.
A CNC pondera que o custo do crédito tem indicado suavização no país. Com base em dados do , o estudo aponta que as taxas de juro médias em todas as modalidades de crédito com recursos livres atingiram 59,1% em junho.
O valor representa queda de 0,8 ponto percentual com relação a maio, primeira redução desde dezembro de 2022.
Esse comportamento foi refletido pelo ICF. Enquanto, nos últimos 12 meses, a proporção de consumidores que considera estar mais difícil conseguir crédito tenha caído de 41,5% para 36,9%, o índice dos que consideram que o acesso a empréstimos está mais fácil subiu 4 pontos percentuais, atingindo 28,5% – o maior nível desde maio de 2020.
Tendência
A CNC acredita que a redução dos juros e da inadimplência esperada para os próximos meses vai melhorar o acesso ao crédito.
De acordo com a economista da CNC, Izis, espera-se que, com programas de renegociação de dívida, como o , e a redução dos juros de forma mais continuada, ocorra melhora no cenário para inadimplência e para o endividamento até o fim do ano, fatores que, de fato, fornecem as condições, via crédito, para esses consumidores poderem consumir.
Outro levantamento feito pela CNC, a Peic (Pesquisa Nacional de Endividamento e Inadimplência do Consumidor), divulgada no começo de agosto, identificou queda no nível de endividamento das famílias brasileiras – o primeiro recuo em sete meses.