Os feitos da prisão de amigos e colaboradores muito próximos do presidente da República Michel Temer – grupo que o procurador-geral da República Rodrigo Janot classificou como “quadrilhão do PMDB”- pode provocar efeitos além de Brasília e deslocar-se a outros estados da Federação. Mato Grosso do Sul, por exemplo, está nesse roteiro. É a base e o domicílio eleitoral de duas figuras políticas de alta relevância e proximidade com Temer, o ex-governador André Puccinelli e o deputado federal e ministro-chefe da Secretaria de Governo da Presidência, Carlos Marun.
Enquanto Puccinelli se equilibra entre os compromissos da pré-campanha ao Governo e ao esclarecimento de dúvidas dos eleitores sobre sua elegibilidade – é um dos principais denunciados da força-tarefa da Operação Lama Asfáltica, que investiga crimes de corrupção em seu governo -, Marun segue acumulando constrangimentos em sua delicada missão de defender e viabilizar o governo Temer.
DESGASTES
Além de carregar a pecha de batedor do ex-deputado Eduardo Cunha, cassado e preso por corrupção, e considerado um dos políticos mais corruptos do País, Marun está colado aos desgastes que afetam Puccinelli e o MDB junto à opinião pública, criando ao partido um fator negativo a ser revertido na aventura eleitoral prestes a começar.
Outros deslizes de Marun noticiados pela imprensa nacional foram as bravatas para defender as reformas de Temer, entre as quais uma ameaça que passou ao largo da vigilância do Ministério Público, quando ameaçou liberar recursos federais somente aos governadores que apoiassem o Planalto e pressionassem suas bancadas a votar para aprovar as mudanças na Previdência exigidas pelo Planalto.
Por fim, desfrutando da convivência das mais altas autoridades palacianas, como Eliseu Padilha e Moreira Franco, o ministro Marun, que é deputado licenciado, terá sua conduta avaliada pelo Conselho de Ética da Presidência no próximo dia 25. Segundo o presidente da Comissão, Luiz Navarro, o colegiado vai analisar a agenda pública de Carlos Marun.
De acordo com informações do jornal “O Globo” e da revista “Época”, desde sua posse, o ministro da Secretaria de Governo promoveu uma série de reuniões com autoridades de países árabes – Kuwait, Tunísia e Líbano, entre outros. Ocorre que sua mulher, Luciane Marun, é proprietária de uma consultoria empresarial relacionada ao mundo árabe, a Bropp.