O letal inimigo ainda é invencível, embora já se anuncie que miraculosas vacinas estejam em fase final de produção para varrê-lo do mapa. Neste Brasil que tem mais de três milhões de casos confirmados e óbitos que já passaram dos 102 mil, a pandemia da Covid-19 continua no alvo de calorosas polêmicas sobre como enfrenta-la ou livrar-se dela. De um lado, as recomendações oficiais dando como garantia principal os cuidados preventivos que incluem distanciamento social e as demais medidas preventivas, como o uso de máscaras, a permanência em casa e evitar as aglomerações.
Há, entretanto, muita gente por esse brasis afora que não acredita na eficácia do isolamento social, entende ser possível continuar saindo de casa e ainda fazendo uso da hidroxicloroquina e ouros medicamentos não recomendados pelas autoridades mundiais da Ciência e da Medicina, como a Organização Mundial de Saúde. Essa expressiva faixa da sociedade tem como principal incentivador o presidente Jair Bolsonaro.
Nesta conjuntura as mortes, internações hospitalares e os problemas emocionais se multiplicam, numa escala das mais temíveis e devastadoras. O Brasil ultrapassou a marca de 100 mil mortos por Covid-19 pouco menos de cinco meses depois da primeira morte, em 12 de março. O país hoje é um dos três com maior número de casos e mortes em todo o mundo.
Se no início divulgava-se que o vírus só era perigoso para os grupos de risco (os idosos, diabéticos e hipertensos, entre outros de saúde mais vulnerável), hoje a realidade é bem outra: muitas pessoas jovens e saudáveis passam a frequentar a relação de óbitos. E esse obituário se estende das camadas mais humildes às de melhor situação financeira, engloba pessoas de pouca ou nenhuma informação técnica e gente esclarecida.
OBITUÁRIO
O universo de celebridades – políticos, artistas, empresários – é um dos cenários do luto brasileiro causado pela mortífera atividade do coronavírus. No extenso registro dessas marcas dolorosas há nomes como os do consagrado cartunista, desenhista e pintor Daniel Azulay, que morreu no dia 27 de março, aos 72 anos. Ele já lutava contra a leucemia quando contraiu o coronavírus.
Mais nomes podem ser acrescentados, como os do empresário e colecionador de artes Ricardo Brennand, 92; o compositor e escritor Aldir Blanc, 73; o músico e co-fundador da banda “Titãs”, Ciro Pessoa, 62; o jurista carioca Sylvio Capanema de Souza, 82, autor da Lei do Inquilinato; a trans Thina Rodrigues, 57, uma aliada na luta contra a transfobia, fundadora e presidente da Associação de Travestis do Ceará; o jornalista, apresentador esportivo de TV e músico Rodrigo Rodrigues, 45; o sambista, compositor e intérprete David Corrêa, 82; o artista plástico e pioneiro em arte cinética no Brasil Abraham Palatnik, 92.
Infelizmente, existem outros nomes queridos das vitrines artístico-culturais do País nessa galeria que agora é de saudades: a cantora gospel Fabiana Anastácio, 45; o cantor, compositor e seresteiro Evaldo Gouveia, 91, autor de sucessos imortais como “Que Queres Tu de Mim”; Miss Biá, 80, uma das primeiras drag queens do Brasil; o escritor Sérgio Santana, 78; o cantor e seresteiro Carlos José, 85; a radialista, política, jurada e apresentadora Daysi Lúcidi, 90; o ator, autor e diretor Gésio Amadeu, 73, que fazia o Chefe Chico na novela “Chiquititas”, do SBT, e interpretou papéis de destaque em várias produções globais como “Velho Chico”, “Sinhá Moça” e o seriado “Sítio do Pica-Pau Amarelo”; e o funkeiro MC Dumel, 28;