Principal bandeira do plano de governo que Marquinhos Trad apresentou à população durante a campanha eleitoral, o transporte coletivo de qualidade e que dê o mínimo de respeito ao usuário está longe de tornar realidade em Campo Grande, porque toda vez que o assunto vem a público começa um jogo de cena e de empurra-empurra entre o poder público e o Consórcio Guaicurus.
Nesse momento em que a população sacrificada com o pagamento de uma das tarifas mais caras do Brasil e que recebe em troca serviços de baixíssima qualidade, volta à discussão a precariedade do transporte coletivo.
Porém, mais uma vez a Prefeitura joga para a plateia, afirmando que o Consórcio Guaicurus exige na Justiça o pagamento de R$ 30.730.000,00 a título de compensação pelas perdas que as empresas disseram ter tido durante a pandemia da Covid-19.
Em entrevista concedida no último dia 12 de novembro, o gestor disse que não colocaria recursos da prefeitura para ajudar empresas. “Jamais vou tirar dinheiro e recursos da prefeitura para ajudar empresa ou concessionária que teve perdas durante a pandemia”, afirmou à época.
Porém, mesmo não querendo entrar no mérito da questão sobre quem está certo ou está errado nessa discussão, é interessante registrar que, como disse Marcos Tabosa na tribuna da Câmara Municipal, “para gastar 60 milhões de reais em publicidade a Prefeitura tem dinheiro, mas para solucionar o problema do transporte coletivo, não”.
A PESQUISA
Pesquisa realizada pelo Instituto de Pesquisa Resultado (IPR), encomendada pelo Correio do Estado, mostra que 69,7% da população é contra a Prefeitura de Campo Grande efetuar o pagamento solicitado pelo Consórcio Guaicurus na Justiça, no valor de R$ 30,73 milhões.
Em outubro deste ano, o Consórcio Guaicurus entrou com um mandado de segurança na 2ª Vara de Fazenda Pública de Campo Grande, pedindo que a juíza Joseliza Alessandra Vanzela Turine determinasse que o município pagasse o valor como forma de compensação pelas perdas que as empresas disseram ter tido durante a pandemia da Covid-19.
Entretanto, a pesquisa mostra que a população, que é usuária do serviço, não é favorável a que a administração pública injete recursos do município para a concessionária que atua no transporte coletivo e urbano de Campo Grande.
Dos entrevistados, apenas 20,91% se mostrou favorável a destinação dos recursos, enquanto 9,39% não soube ou não quis informar.