De quinta-feira a domingo, 26 a 29 de julho, o paradisíaco município de Bonito estará recebendo visitantes de vários estados e países para a 19ª edição do seu Festival de Inverno. Além das atrações imperdíveis da grade de atrações artístico-culturais, o concorrido evento vai propiciar não só ao seu público, mas a todo Estado, um acontecimento de inestimável valor histórico: o ingresso de uma emissora da rede pública, a TV Educativa, na era digital.
A iniciativa do governo de Mato Grosso do Sul é marco de um compromisso com as vocações e o destino de uma terra de poderosa identidade cultural, como bem define o jornalista Bosco Martins. Diretor-presidente da Fertel (Fundação Luís Chagas de Rádio e TV Educativa de Mato Grosso do Sul), ele explica que a transmissão do Festival será o primeiro passo concreto de um avanço, que se consolidará no mês seguinte. A partir de 14 de agosto, a TVE Cultura passará a produzir e transmitir todo o seu conteúdo pelo sistema digital.
“Os telespectadores terão um expressivo ganho de qualidade de som e de imagem nas transmissões, com o sistema incluído para os dispositivos móveis, como celulares e tablets”, ressalta Bosco Martins. “Com muita alegria, teremos o Festival de Inverno como marco inicial de modernidade, uma nova era da televisão pública sul-mato-grossense, como preconizam o governador Reinaldo Azambuja (PSDB), em seu planejamento e apoio a digitalização, e o secretário estadual de Cultura e Cidadania, Athayde Nery”, pontua o jornalista.
REESTRUTURAÇÃO
Para garantir o sinal digital, o governo teve que atender todas as exigências do Marco Regulatório das Telecomunicações, que vai liberar a rede analógica para uso de empresas de telefonia. “Isto exigiu preparação da TVE Cultura nos últimos anos, constituída por parcerias e doações de instituições públicas e a iniciativa privada”, reconhece Bosco Martins. Por isso, o Estado precisou reestruturar-se adequadamente, inclusive em sua base estrutural.
“O Palácio das Comunicações, como a maioria dos órgãos públicos que em 2015 funcionavam de forma precária, com equipamentos antigos e estrutura abandonada, foi reformulado e revitalizado para receber equipamentos de transmissão digital e qualificar o sinal”, relata o presidente. Ele salienta que também foi preciso atender os princípios de criação da própria Fertel. Para não onerar o poder público, a fundação construiu parcerias com instituições de ensino, como a Universidade Federal (UFMS) e a Estácio de Sá, além de produtoras independentes e do apoio de doações que ajudaram a melhorar as condições de trabalho e de qualificação da programação.
O Ministério Público Estadual, responsável pela fiscalização da Fertel, garantiu à fundação mobiliário e equipamentos de informática em valores estimados em R$ 67 mil. Doações da Receita Federal abrangendo de smartphones usados em gravações e transmissões a câmeras digitais, notebooks e peças de computador aproximaram-se de R$ 70 mil. As colaborações permitiram o reforço da frota com veículos fornecidos pela Receita Federal e Secretaria Estadual de Saúde.
“Graças a acordos, doações e parcerias pudemos modernizar a Rádio e TV Educativa estadual, bem como criar o Portal da Educativa”, agradeceu Bosco, referindo-se ao portal utilizado para veicular pela Internet a programação e informações da FM 104,7 Educativa e da TVE Cultura.
MAIS AVANÇOS
Todo esse processo resultou em outras conquistas, como as verificadas na qualificação funcional e nas relações com servidores, por meio de um novo Plano de Cargos, Funções e Salários. Martins diz que ficou impressionado com a falta de informação em relação à política salarial adotada pelo Estado. “Antes os funcionários não tinham salários, apenas penduricalhos. O atual governo os transformou em ganhos verdadeiros, fazendo a incorporação salarial, criando ainda uma política de progressão remuneratória por tempo de serviço, com aumentos anuais. E isso em todos os setores do funcionalismo. Hoje a Fertel tem um salário-base cuja média supera os cinco mil reais. Quem paga isso na área privada?”, indaga, desafiador, o jornalista.
O quadro de pessoal ainda ganhou assento no Conselho de Programação, destituído no governo anterior e restituído em 2018 e que dá voz a diferentes setores da sociedade – inclusos jornalistas, radialistas e músicos – nas definições da grade de programação. “Isso garante a devolução da emissora à sociedade, que tem voz e direito em apontar aquilo que deseja em sua grade dentro de nossas possibilidades de produção”.
Se o 19º Festival de Inverno de Bonito agendou shows musicais espetaculares como os de Milton Nascimento, Anavitória, Michel Teló, Glória Groove, Almir Sater, Renato Teixeira e festejadas atrações locais, a TV Educativa acrescentou ao evento uma luz modernizadora, inclusiva e democrática no conceito e no contexto do que se espera de uma TV pública.