A presidente da CCJ, senadora Simone Tebet (MDB-MS), disse que a MP que flexibiliza o contrato de trabalho tem diversos pontos positivos e necessários neste momento, mas discorda da possibilidade de suspensão do contrato de trabalho por até quatro meses. “Foi uma surpresa, praticamente uma bomba que o governo jogou no nosso colo. Dentro dessa MP há coisas boas: permite teletrabalho, antecipar férias, dar férias coletivas e com isso evita mandar embora, tudo isso nós já sabíamos. A surpresa, e que vai precisar de uma análise criteriosa e detalhada do Congresso Nacional, é que essa MP permitiu a suspensão do contrato de trabalho por até quatro meses. O trabalhador negociar com o patrão, numa relação assimétrica, ou seja, é pegar ou larga, a redução de salário, num momento em que o trabalhador também tem conta pra pagar, tem boleto e prestação. Então isso nos surpreendeu, nós não esperávamos”, disse. Para Simone, a equipe econômica não está entendendo a gravidade que a crise vai gerar. “Nós vamos entrar numa recessão. Estamos falando de milhões de desempregados que vão continuar desempregados e mais pessoas virão pra informalidade”.
Simone lembrou que parte das medidas havia sido anunciada pela equipe econômica na semana passada para beneficiar a população mais vulnerável e auxiliar empresários e comerciantes a manter seus empregados. “O governo tem que proteger o pequeno e micro comerciante, empresário, o agricultor, subsidiar, prorrogar prazo, facilitar o crédito e dar todas as condições e suporte para que quem produz possa continuar produzindo em período de crise e não feche suas portas. Isso é uma coisa, outra coisa é, nesse momento, sem discussão maior com a classe política e com a sociedade, suspender por quatro meses do contrato de trabalho. Nós vamos entrar numa bola de neve perigosa”, disse em entrevista à Rádio CNB na segunda-feira (23).
RODÍZIO DE TRABALHO
A senadora Simone Tebet também reforçou a necessidade de o brasileiro continuar fazendo a quarentena essa semana para tentar evitar o colapso no sistema de saúde, mas ressaltou que a partir das próximas semanas será necessário começar a ir retomando as atividades numa espécie de rodízio de trabalho, sob pena de colapsar a economia. “Se a economia também para por muito tempo, quebra o pequeno e médio comerciante, aumenta desemprego, pobreza, fome e cria uma situação de desordem social e econômica no Brasil”.