Presidente brasileiro se reunirá em duas ocasiões com líder russo em visita oficial ao país na próxima semana
O governo da Rússia pediu que o presidente Jair Bolsonaro (PL) e sua comitiva se submetam a um rígido controle sanitário para se aproximar do presidente russo, Vladimir Putin, durante viagem oficial a Moscou, marcada para a semana que vem.
De acordo com as orientações enviadas pelo Kremlin ao governo brasileiro, às quais a BBC News Brasil teve acesso, Bolsonaro e os membros da comitiva que se aproximarão de Putin teriam que fazer exames até cinco exames do tipo PCR para detecção de Covid-19.
Um deles seria feito entre três e quatro horas antes do encontro com o presidente russo. Procurados, nem o Itamaraty e nem o Palácio do Planalto responderam se Bolsonaro vai acatar o pedido.
A exigência de pelo menos cinco testes do tipo PCR para os membros da comitiva que irão se encontrar com Putin foi enviada pelo governo russo no início de fevereiro, quando as autoridades dos dois países acertavam os detalhes da visita.
Segundo as orientações russas, todas as pessoas da comitiva brasileira, inclusive os passageiros do avião que transportará Bolsonaro, deve apresentar três testes PCR negativos antes do embarque.
O primeiro deverá ser feito de quatro a cinco dias antes da chegada à Rússia. O segundo tem de ser feito com dois dias de antecedência e o terceiro na véspera da chegada a Moscou.
Além desses três, os integrantes da delegação brasileira que irão participar dos encontros com Putin foram orientados a realizar mais dois. Um deles seria realizado na chegada à Rússia e o último, entre três e quatro horas antes do encontro com o presidente russo.
A recomendação enviada pelo governo russo ao Itamaraty diz expressamente que a orientação dos exames também se aplica a ao chefe da delegação, no caso, o presidente Bolsonaro.
Diferentemente de Bolsonaro, que já deu declarações indicando que não tem a intenção de se vacinar, Putin, segundo o governo russo, já está vacinado contra a Covid-19.
A Rússia é um dos países mais afetados pela Covid-19 no mundo. De acordo com levantamento feito pela Universidade Johns Hopkins, é o quarto país em número de mortes causados pela doença, com 331,1 mil mortos e mais de 13 milhões de casos confirmados.
Em número de mortos, o país só está atrás da Índia (507 mil), Brasil (636 mil) e Estados Unidos (915 mil).
A preocupação dos russos com a possibilidade de contaminação de Putin não é exclusiva em relação aos brasileiros e protocolos semelhantes foram adotados nas visitas de outros chefes de Estado ao país recentemente.
Nesta sexta-feira (11), por exemplo, o governo russo confirmou que o presidente francês, Emmanuel Macron, se recusou a ser submetido a exames de Covid-19 realizados por profissionais russos exigidos pelo país durante sua visita ao país, nesta semana.
Macron se encontrou com Putin na terça-feira (8), em Moscou, para discutir a crise na fronteira entre a Rússia a Ucrânia.
De acordo com a BBC, uma fonte afirmou que o protocolo sanitário exigido pelos russos foi considerado “inaceitável” pelos franceses.
Diante da recusa de Macron, o encontro aconteceu mediante o respeito de um estrito regime de distanciamento social.
Os dois foram fotografados nas pontas de uma mesa de aproximadamente quatro metros de comprimento.
A BBC News Brasil enviou questionamentos ao Ministério das Relações Exteriores e ao Palácio do Planalto indagando sobre se o presidente Bolsonaro se submeteria aos exames pedidos pelo governo russo.
O Itamaraty informou que a resposta deveria ser dada pelo Planalto que, por sua vez, não se manifestou até o momento.