A jornalista Liziane Berrocal e a direção de “O Estado” afirmaram ter sofrido tentativas de pressão e constrangimento por parte do advogado Antonio Cezar de Lacerda Alves, secretário municipal de Governo e Relações Institucionais, por conta da matéria questionando a inscrição de candidatas-laranja para o PSD garantir seu direito a frações do fundo partidário destinadas às mulheres. Embora se tratasse de matéria meramente política, o assessor do prefeito Marquinhos Trad (PSD) convidou a jornalista para ir ao seu gabinete na Prefeitura para ouvir sua versão.
O protesto de Berrocal e dos diretores do diário deu-se por conta do ambiente que foi preparado para esperar a profissional. Na sala, além de Lacerda, entraram para acompanhar a entrevista três advogados que prestam serviços ao partido e o assessor de imprensa da Prefeitura, Dante Filho. A presença dos quatro não havia sido combinada quando o convite foi feito.
“Questionado sobre se não seria melhor a reunião ser feita na sede do partido, Lacerda afirmou que seria em razão do horário. Inicialmente chamando a repórter para falar sobre o assunto, a surpresa ficou por conta da banca de advogados, composta por Júlio Cesar de Moraes, Gilberto Picolotto Junior e Rodrigo Nascimento da Silva, além do subsecretário de Comunicação, Dante Filho, que adentrou a sala antes da entrevista e sem que sequer fossem anunciados”, relata o jornal. Soube-se depois que os advogados recebem 10% do que é repassado às mulheres.
Conforme “O Estado” registrou, “apesar de não explicar o baixo número de votos das candidatas, os advogados fizeram questão de apoiar Lacerda na afirmação de que ‘a prestação de contas é problema delas, mas passar o dinheiro é normal’”. Lacerda dividiu ainda a responsabilidade da distribuição dos recursos para as suas candidatas com os outros diretores. O jornal publicou uma nota sobre o assunto, repudiando o que se passou no gabinete de Lacerda.