Entre pré-candidaturas assumidas, intenções não declaradas e possibilidades em aberto, a sucessão do governador Reinaldo Azambuja (PSDB) pode ser definida em uma disputa pulverizada, com pelo menos oito concorrentes. Esta previsão tem como pontos de partida a escassez de recursos e novas regras, impondo limitações que vão forçar vários pretendentes a cancelar projetos eleitorais.
Em Mato Grosso do Sul, a tendência inicial aponta quatro nomes como os de maior alcance eleitoral numa disputa dessas proporções: o secretário estadual de Infraestrutura, Eduardo Corrêa Riedel (PSDB); os ex-governadores André Puccinelli (MDB) e Zeca do PT; e o senador Nelson Trad Filho (PSD). Num olhar superficial e de momento, são eles os favoritos para chegar às finais da corrida.
Porém, é necessário analisar certos detalhes que podem alterar o tabuleiro, como o surgimento de outras alternativas, as costumeiras surpresas, a influência do quadro nacional e desistências no meio do caminho. Do quarteto que é considerado nesta análise, dois nomes estão certos e com o projeto em andamento: Riedel e Trad Filho. Outros dois, Zeca e Puccinelli, ainda não deram suas garantias.
SOLUÇÕES
Riedel é até agora a grande novidade. Emergiu em um cenário de crises elaborando o planejamento e o pensar estratégico que vem oferecendo à gestão de Azambuja soluções eficazes de enfrentamento das crises e na retomada do crescimento. Não é político de carreira, mas um técnico de excelência com vocação para o diálogo, lavrador de resultados para as diferentes situações.
Para Trad Filho, o cenário já foi bem mais favorável. Carrega consigo, como diferenciais, a tradição vitoriosa da família no jogo das urnas e também os acúmulos obtidos em dois mandatos de prefeito de Campo Grande, que lhe renderam a votação consagradora para o Senado. Entretanto, ainda tenta se desvencilhar de arranhões que foram causados por denúncias do Ministério Público no “caso Gisa”.
Semelhante ao de Trad Filho, o desafio de Puccinelli é revitalizar o prestígio construído em quase 40 anos de vida pública e duramente abalado pela exposição nada agradável na mídia, ao ser responsabilizado pelo Ministério Público por improbidade administrativa no “caso Lama Asfáltica”. Apesar disso, preserva considerável porção do antigo prestígio e segue na ativa, agora reoxigenando o seu MDB.
No caso de Zeca, a decisão de candidatar-se a governador hoje cabe somente a ele. O PT limita-se ao exercício da chamada “pressão amigável”. A militância está empenhada na tentativa de empurrá-lo para a disputa, com apoio da direção nacional. O ex-governador anda insinuando que deverá buscar outro cargo eletivo, inclusive não-majoritário, como os de deputado estadual ou deputado federal.
POLARIZAÇÃO
Assim, um dos cenários abriga a projeção de disputa polarizada entre Riedel e Trad Filho. O tucano traz o argumento irrefutável dos avanços que o seu desempenho conseguiu emplacar na desafiadora missão que lhe foi confiada pelo governador. O pessedista tem o próprio histórico eleitoral e pode, quem sabe, incluir o que há de positivo na gestão do irmão, Marquinhos Trad, na prefeitura da Capital.
Há a hipótese de um quadro cuja polarização possa suscitar o aparecimento da terceira via. Se forem consideradas as quatro candidaturas, a disputa pode ir para um segundo turno e terá vantagem para avançar aquele que conseguir firmar-se como a melhor alternativa fora do confronto polarizado. Se Trad Filho ficar de fora, é quase certo que seu apoio vai para Riedel, tendência que também seria a de Zeca. O que não significa que se deva desprezar ou minimizar a capacidade de chegada de Puccinelli.