Em Campo Grande, moradores do Quilombo Urbano São João Batista recebem os realizadores do projeto ‘Quilombo em Atividade’ para juntos produzirem um material histórico sobre a comunidade.
Os primeiros passos já foram dados e há um clima de otimismo entre os envolvidos, apesar dos desafios que o atual momento impõe, garante a presidente de honra da Associação Familiar da Comunidade Negra São João Batista, Rosana Anunciação. “Esse projeto tem um valor vital de força, luta e resistência porque trabalha com crianças, adolescentes e adultos buscando o desenvolvimento integrado”.
Além da pesquisa, o projeto irá gerar um site com o conteúdo produzido, promoverá oficina de capoeira e dois cursos: elaboração de projetos e formação de professores, o que promete render um riquíssimo material de resgate e conservação identitária.
“O Quilombo São João Batista é uma comunidade atuante em Campo Grande e no estado, desenvolvem um importante trabalho de resgate, fortalecimento e perpetuação da cultura afro-brasileira. Assim, a proposta é trazer à tona todo esse contexto de vivência e ancestralidade da comunidade, contando a história do Quilombo a partir da história de vida de cada pessoa. Serão captados os depoimentos e realizaremos uma série de fotografias que culminarão na sobreposição de som e imagens trazendo a luz o que chamo de audiografias”, explica a artista visual, Vanessa Bohn.
QUILOMBO URBANO
Nos anos 2000, a comunidade fundou a Associação Familiar da Comunidade Negra São João Batista. Em 2006, receberam a certificação do quilombo pela Fundação Palmares e desde então vêm desenvolvendo inúmeros projetos voltados ao fortalecimento da cultura afro-brasileira, assim como projetos sociais, que atendem jovens e famílias em situação de risco.
“Tudo começou com o sonho do meu pai, que pensou na constituição da associação e chamou a nossa atenção para trabalhar com famílias que estavam em situação vulnerável. Então, a formação da comunidade sempre foi voltada à inclusão, tanto das pessoas quilombolas, quanto de outras pessoas da comunidade do entorno”, diz Rosana, presidente da Associação.
Atualmente, a comunidade é constituída por um núcleo familiar de 100 pessoas que residem na região do Pioneiros e em bairros como Piratininga e Aero Rancho.