Um dos mais atuantes sindicalistas em Mato Grosso do Sul, o presidente do Sindicato dos Servidores Públicos de Campo Grande (Sisem), Marcos Tabosa, sai em defesa veemente de sua categoria quando ela é atacada por causa do caos no sistema municipal de saúde. Profissional da área da Educação e já no terceiro mandato à frente do Sisem, Tabosa lembra que é também parte da população e quer que a saúde pública funcione com eficiência, agilidade e resolutividade.
Os recentes acontecimentos nos postos de saúde, com longas filas, reclamações e exaltação – inclusive um enfermeiro se feriu quando uma paciente quebrou o vidro de uma unidade – podem ser evitados, segundo Tabosa. “Basta investir na melhoria dos serviços, contratar mais profissionais, remunerar condignamente, equipar os postos”. E rechaça declarações do prefeito Marquinhos Trad (PSD), que a seu ver põem o povo contra os servidores: “O que ele não pode fazer é passar para a população que os servidores são os culpados por esse caos. Todos sabemos que quem administra a prefeitura e o orçamento bilionário do setor é o prefeito”.
Ao comentar a relação entre poder público e servidores, Tabosa foi enfático: Marquinhos Trad não cumpre as promessas que fez à categoria durante sua campanha, quando anunciou que faria os investimentos necessários em saúde. Aprimorar o sistema com investimentos corretos e valorizar os profissionais são providências indispensáveis para acabar com a caótica situação, medidas cuja cobrança faz parte das prioridades do Sisem. “Estamos atuando sempre na defesa do trabalhador concursado e filiado ao sindicato, por melhores condições de trabalho, justas remunerações e respeito do gestor público aos servidores”, sublinha.
A entrevista exclusiva à FOLHA DE CAMPO GRANDE foi concedida na terça-feira, 19, por meio eletrônico. As perguntas foram feitas e as respostas fornecidas no mesmo dia.
FOLHA DE CAMPO GRANDE – O senhor postou semana passada, nas redes sociais, um texto falando sobre a situação da saúde em Campo Grande, responsabilizando o prefeito pelos desacertos no segmento. Como é mesmo a história desse processo? Como é que o prefeito está se saindo nessa questão da saúde?
MARCOS TABOSA – O prefeito Marcos Trad tem todo o direito de fiscalizar os serviços públicos, afinal foi eleito para este fim. O que ele não pode fazer é passar para a população que a responsabilidade do caos na saúde seja dos servidores da saúde, pois todos sabemos que quem administra a prefeitura e o orçamento bilionário do setor é o prefeito. Ele tem que ter o entendimento que nós servidores da saúde não somos o problema, queremos paz e condições de trabalho para podermos atender a população com qualidade. Sobre a administração do prefeito referente à saúde somente a população pode responder, afinal a minha função é tão somente defender os servidores públicos municipais e filiados ao Sisem.
FCG – O prefeito disse em campanha que, se fosse eleito, iria investir fortemente na saúde e remunerar bem os profissionais da área. Isso está ocorrendo?
MT – Sobre os investimentos em saúde prometidos na campanha, existem os órgãos fiscalizadores para tal finalidade e com relação à remuneração dos servidores, não está cumprindo o prometido.
FCG – O que falta para que a população, especialmente aquela que depende do atendimento do SUS, tenha um atendimento digno?
MT – Somente quem pode responder esta questão é a população.
FCG – Qual sua avaliação sobre a atuação do prefeito em dois anos e três meses de gestão?
MT – Referentes aos servidores públicos municipais de Campo Grande, não cumpriu o prometido em campanha, ou seja, remuneração digna e condições adequadas de trabalho.
FCG – Algumas barbeiragens estão sendo cometidas pela atual administração., como a emissão equivocada dos carnês do lixo e também a remoção do calçamento do centro da cidade, recém-colocado, por falta do piso tátil adequado. Sabemos também que existem equívocos em outras áreas. O que o senhor pensa disso?
MT – Não cabe ao sindicato dos servidores municipais avaliar e comentar sobre a forma como a atual administração comanda a cidade.
FCG – Quais suas considerações finais e quais recomendações o senhor daria aos gestores da cidade para que Campo Grande tivesse, enfim, um governo à sua altura, já que a cidade se aproxima do seu primeiro milhão de habitantes. O prefeito está preparado para gerir uma cidade deste tamanho?
MT – Sinto-me honrado de ser entrevistado por este conceituado jornal e quero deixar claro que as avaliações da administração pública municipal referentes aos trabalhadores e realizados pela gestão devem ser feitas pelos órgãos representativos da população – associações de moradores e por seus vários conselhos espalhados na nossa sociedade. Quero reafirmar que cabe a mim, presidente eleito do Sisem, Marcos Tabosa, cobrar e defender os interesses dos servidores e funcionários públicos filiados à nossa instituição.