O prefeito Ângelo Guerreiro (PSDB) e sua antecessora, Márcia Moura (MDB), que pela ordem sucederam Simone Tebet (MDB) na chefia do Executivo Municipal de Três Lagoas, estão encalacrados. A Operação Atalhos, desencadeada na terça-feira (28), desarticulou o grupo que montou um esquema para desviar recursos em contratos de transporte escolar em prefeituras de três cidades de Mato Grosso do Sul e duas de São Paulo.
Com 90 agentes da Polícia Federal e sete servidores da Controladoria-Geral da União (CGU), o tamanho da força-tarefa mobilizada na operação indicou a dimensão do esquema e a alta estatura de influência política e institucional dos suspeitos. Além de Três Lagoas, os mandados de busca e apreensão expedidos visaram prédios públicos e residências em Campo Grande e Naviraí, em Mato Grosso do Sul, e Luiz Antônio e Americana, em São Paulo.
No caso de Três Lagoas, as investigações tratam de contratos celebrados entre 2015 e 2017, períodos correspondentes aos mandatos de Márcia Moura (2011-2016) e Ângelo Guerreiro, que é prefeito desde 2017. Ambos são sucessores da emedebista Simone Tebet, senadora e presidenta da Comissão de Constituição, Justiça e Cidadania. Guerreiro tenta imputar responsabilidades somente na gestão de Márcia, mas não olha para sua própria condição, já que há contratos sendo investigados em sua administração, em 2017, conforme relata a PF.
HOMEM DA MALA
Com 21 mandados de busca e apreensão, os agentes apreenderam em Três Lagoas vários documentos e mais de R$ 2,4 milhões em espécie, acondicionados em uma mala, uma pasta e uma caixa de papelão. A suspeita é que essa quantia seja uma parcela dos recursos amealhados em contratos fraudulentos. A grana estaria guardada em um imóvel do ex-secretário de Educação de Márcia Moura.
Segundo informações da força-tarefa, a organização tinha um modus operandi eficiente e impositivo para preparar arranjos licitatórios que afastavam da concorrência empresas indesejadas e abriam caminho para quem operava dentro do esquema. O alvo eram as gordas transferências federais do Programa Nacional de Apoio ao Transporte Escolar (PNATE). Nos primeiros levantamentos a PF e a CGU analisaram contratos suspeitos entre 2015 e 2017 calculados em aproximadamente R$ 12 milhões.
Márcia Moura era vice-prefeita e chegou ao poder central em 2010, quando Simone renunciou para assumir o cargo de vice-governadora no mandato do emedebista André Puccinelli. Foi reeleita em 2012 e na eleição seguinte, em 2016, seguindo as orientações de Simone e do marido, o deputado Eduardo Rocha (MDB), ajudou a tirar o partido da disputa para apoiar Ângelo Guerreiro, que era deputado estadual.