Luiz Inácio Lula da Silva (PT) ainda não deu certeza sobre a sua presumível candidatura em 2022. Em princípio, ele indicaria o ex-prefeito de São Paulo e seu ex-ministro da Educação, Fernando Haddad. Porém, com o impacto nacional causado pela recuperação de seus direitos políticos, o ex-presidente volta a figurar entre os mais cotados para a disputa presidencial. E as pesquisas sinalizam, inclusive já com indicativos favoráveis para chegar ao segundo turno tecnicamente empatado com o presidente Jair Bolsonaro (sem partido).
A mais recente pesquisa XP/Ipespe, divulgada no dia 12 deste mês, mostra que o tira-teima entre ambos seria equilibrado. Segundo o levantamento, Bolsonaro teria 27% das intenções de voto e Lula 25%. A margem de erro é de 3,5 pontos percentuais. Além disso, a soma dos que consideram o governo ruim ou péssimo oscilou 3 pontos percentuais para cima, de 42% a 45%. O levantamento também captou desejo de mudança pela maioria do eleitorado.
Esta foi a primeira pesquisa do instituto após a decisão do ministro Edson Fachin, do Supremo Tribunal Federal (STF), de anular todas as condenações impostas à Lula com base na Operação Lava Jato, o que lhe restituiu os seus direitos políticos. Os pesquisadores do Ipespe ouviram 800 pessoas, por telefone, entre os dias 9 e 11 deste mês.
Nas respostas estimuladas da pesquisa, o ex-juiz e ex-ministro da Justiça, Sergio Moro (sem partido), está em terceiro lugar, com 10% das intenções de voto. Em seguida, Ciro Gomes (PDT, 9%) e Luciano Huck (sem partido, 6%). Guilherme Boulos (Psol), João Doria (PSDB) e João Amoedo (Novo) ficaram com 3%. O ex-ministro da Saúde, Luiz Henrique Mandetta (DEM), ficou com 2%. Os que disseram que vão votar branco e nulo ou que não souberam responder somaram 13%.
UM PONTO
No segundo turno, a diferença de Bolsonaro sobre Lula é apenas um ponto: 41% a 40%. Votos em branco e nulo somam 19%. Ciro Gomes também aparece empatado tecnicamente (37% a 39%) com Bolsonaro, num eventual segundo turno. Outros 25% não votariam em qualquer um dos dois. Se Haddad fosse o substituto de Lula, alcançaria 36%, contra 40% do atual presidente. Brancos e nulos somam 24%.
O levantamento também apontou o predominante desejo de mudança no eleitorado. A maioria (52%) diz que prefere votar em um candidato que “mude totalmente a forma como o Brasil está sendo administrado”. Outros 29% dizem preferir alguém que “mude um pouco”. Apenas 15% querem alguém “que dê continuidade à forma atual”.
Bolsonaro vem perdendo popularidade desde outubro de 2020. Contribuíram com a avaliação negativa do governo sua atuação no combate à pandemia – que saltou de 53% para 61% – bem como o medo de contaminação pela doença, que avançou de 39% para 49%. Além disso, a parcela da população que vê a economia sendo levada pelo caminho errado também aumentou, subindo de 57% em janeiro para 63% no mês seguinte.
EQUILÍBRIO JÁ EM 2020
Em setembro de 2020, quase seis meses antes da decisão do ministro Edson Fachin que liberou Lula para disputas eleitorais, mesmo inelegível
No segundo turno, os dois empatariam, cada um com 41%. No caso de Moro ser o adversário de Bolsonaro, o ex-juiz teria 37% e o presidente 40%, também num empate técnico. A pesquisa foi feita de 14 a 16 de setembro com 2.500 pessoas de 459 municípios, nas 27 unidades da Federação. Essas entrevistas foram por meio de ligações para aparelhos de telefones celulares e fixos. A margem de erro é de dois pontos percentuais, para mais ou para menos.
O mesmo levantamento apurou que Fernando Haddad teria 38% das intenções de voto no segundo turno contra 45% de Bolsonaro. Mas com Haddad no lugar de Lula, o petista (10%) empata na segunda posição com Moro (13%), considerando a margem de erro. Além disso, empata tecnicamente com Ciro Gomes (7%), do PDT, e Luiz Henrique Mandetta (7%), do DEM. O pedetista, terceiro no último pleito, teria 33% contra 48% de Bolsonaro, em um segundo turno em 2022.
O governador de São Paulo, João Doria (PSDB), teria 4% das intenções de voto no cenário com o ex-presidente Lula e 5% com Haddad na disputa. Um dado da pesquisa que chama a atenção: 32% das pessoas que votariam em Moro no primeiro turno votariam em Lula no segundo. Todos os demais prováveis candidatos citados na