A última semana de apresentações da peça “Esparrela” se encerra neste domingo (26), às 20 horas, no Teatral Grupo de Risco. Estrelada pelo iluminador, diretor e ator Espedito Di Montebranco, o espetáculo acompanha a trajetória de um homem e seu urubu, em meio a caatinga nordestina. O monólogo, que conta com investimento do Fomteatro/Sectur/PMCG, tem entrada gratuita.
Di Montebranco tem uma carreira extensa nas artes, sendo diretor do Grupo Teatral Palco Sociedade Dramática desde 1995. Pernambucano de Bodocó, mas campo-grandense de coração desde os quatro anos de idade, o ator conheceu o texto nordestino durante uma turnê e se apaixonou com a história de Manuel e Arquimedes.
O texto conta a trajetória de Manuel, que expulso da cidade em que morava após uma morte drástica, decide ensinar uma ave a dançar e com o feito impressionar a população de seu antigo povoado. Ao acompanhar a história do urubu Arquimedes, um entre os inúmeros que povoam os céus dos sertões brasileiros e de seu adestrador Manuel, o público é conduzido a lugares, povoados e ações que demarcam o espaço ficcional da narrativa e desvelam a condição animal de Arquimedes.
A obra foi escrita pelo premiado dramaturgo paraibano Fernando Teixeira. Segundo Espedito Di Montebranco, o carinho pela peça surgiu durante uma apresentação do monólogo, na época encenado por Teixeira. “Eu o encontrei em 2009, durante uma turnê nacional que acompanhei como iluminador em 13 estados brasileiros. Assisti o espetáculo, me encantei e depois de um tempo consegui trazê-lo para o Festival Nacional de Teatro de Campo Grande (Festcamp). Na época o Fernando estava se aposentando do teatro, estava mais próximo do cinema e da televisão, depois chegou a fazer a novela Velho Chico. Então, tomei coragem e pedi a autorização para montar Esparrela. O Fernando brincou dizendo que achava que eu jamais pediria, já que há tempos ele me cantava para isso e eu nunca falava nada”, afirma.
É a primeira vez que Espedito encena um texto genuinamente nordestino. “Eu sou pernambucano, ele é da paraíba, somos primos, a comida é a mesma, o ritmo é o mesmo, a caatinga é a mesma, nunca tinha feito um texto da minha região, da minha terra, do Nordeste e do agreste. Apesar de ter deixado a cidade muito pequeno, o Nordeste não sai da gente”, explica.
A peça foi construída com o talento de uma equipe de peso. A sonoplastia foi operada por Claudeir Dilly e criada pelo mestre Escurinho, músico conceituado também na Paraíba. A preparação corporal de Montebranco foi realizada pelo coreógrafo premiado Chico Neller (Ginga Espaço de Dança) e a assistência de direção é do também ator Bruno Moser.
A iluminação da peça foi criada pelo próprio Montebranco e será operada por Stepheen Abrego, que há 23 anos atua na iluminação do Grupo. A equipe ainda é formada por Jurema de Castro, como contrarregra e com apoio de Giovanna Zottino, enquanto a identidade visual do projeto ficou a cargo de Helton Perez, da Vaca Azul.
LIBERDADE
“Esparrela” apresenta a curiosa história da relação entre dois seres, que não deixam de ser simultaneamente caçadores, mas passam por transformações ao longo do curso da história. Um espetáculo sobre o destino, sobre a eterna busca de sentido para a existência humana. “Nos leva a pensar sobre as nossas vidas, aquelas histórias metafóricas e enigmáticas que provocam a nossa reflexão. Nós todos vivemos a cada dia o mistério de lutar pela sobrevivência física e psíquica, procuramos o amparo de crenças materialistas ou espiritualistas, às vezes aceitando a prisão confortável que as circunstâncias nos impõem. Contudo, sempre nos defrontamos com os momentos em que somos convidados a encarar a nossa liberdade como o bem mais precioso”, acredita Montebranco.
A encenação tem como proposta a simplicidade, onde um ator conta para a plateia sobre a relação de forma muito íntima e visceral, remetendo aos fabuladores e contadores de histórias tão presentes na nossa tradição oral.
O monólogo “Esparrela” foi contemplado com o fundo de investimentos do Programa de Incentivo ao Teatro (Fomteatro) da Prefeitura Municipal de Campo Grande, por meio da Secretaria Municipal de Cultura e Turismo (Sectur).
O espetáculo tem classificação de 10 anos, acontece no Teatral Grupo de Risco, que está localizado na Rua José Antônio, 2170, tem capacidade para 80 pessoas e os ingressos são gratuitos e devem ser retirados com uma hora de antecedência.