Até o fim deste ano, 12 mil mulheres devem morrer no Brasil em decorrência do câncer de mama – isso corresponde a quatro mortes a cada três horas. A estimativa, do Instituto Nacional de Câncer (Inca), foi citada pelo médico mastologista Victor Rocha Pires de Oliveira para alertar sobre a importância da prevenção e do diagnóstico precoce da doença. O especialista falou sobre o assunto durante sessão ordinária da sexta edição do Projeto Parlamento Jovem, realizada no Plenário Deputado Júlio Maia, na Assembleia Legislativa de Mato Grosso do Sul.
A palestra faz parte do conjunto de ações relativas ao ‘Outubro Rosa’, campanha de conscientização quanto ao câncer de mama e ao câncer de colo do útero. “É importante tratar desse assunto com os jovens, porque eles podem, em casa, falar com suas mães, tias, avós, que, muitas vezes, não têm acesso a essas informações. Podem, por exemplo, perguntar se elas já fizeram a mamografia”, considerou Oliveira.
O médico apresentou números alarmantes, que colocam a doença no topo de mortalidade entre todos os tipos de câncer. Citando dados do Inca, ele informou que a estimativa é de 60 mil novos casos neste ano. Desse universo, 12 mil mulheres devem morrer. “Mas, se o câncer for diagnosticado no início, há chance de cura superior a 90%”, ponderou.
De acordo com o especialista, a partir dos 40 anos, toda mulher deve realizar a mamografia. “Esse exame é muito importante, porque possibilita redução em 40% da morte por câncer de mama”, alertou. Ele detalhou, ainda, que entre 50 e 69 anos, é recomendável a realização da mamografia de dois em dois anos.
Esse cuidado permitirá o eventual diagnóstico do câncer. O médico explicou que as alterações suspeitas na mama – nódulo (lesão sólida) ou cisto (cavidade preenchida por líquido) – são classificadas conforme o chamado Bi-Rads (anacrônico em inglês para Breast Image Reporting and Data System), com variação de um a seis. “A partir do Bi-Rads categoria quatro, é necessária a realização da biopsia”, informou.
Caso a biopsia comprove a existência do câncer, tem-se início o tratamento. “E como deve ser o tratamento?”, perguntou, retoricamente. Como resposta, o médico mencionou a necessidade de cirurgia, procedimento que tem evoluído consideravelmente. “Antes, era feita apenas a mastectomia [remoção da mama]”, disse. “Além da mutilação da mulher, havia o risco de inchaço do braço”, continuou.
Atualmente, é realizada a chamada quadrantectomia. “Neste procedimento, o médico retira o nódulo com maior segurança. Ficará somente um risquinho na mama, sem deformidade da mulher. Ela poderá se olhar no espelho sem ter a autoestima abalada”, observou.
O mastologista informou, ainda, sobre as cirurgias realizadas em mulheres com elevado risco de desenvolver o câncer de mama. “Lembram-se da Angelina Jolie [atriz norte-americana]? Ela fez esse tipo de cirurgia, porque tinha possibilidade muito alta de ter o câncer”, exemplificou. “É a mastectomia com reconstrução imediata da mama. Esse procedimento reduz em 90% o risco da doença”, acrescentou.
Ainda durante o pequeno expediente, o deputado Carlos Anastácio de Souza, usou a palavra para pedir à Secretaria de Estado de Educação (SED) que promova a reestruturação da biblioteca da Escola Joaquim Murtinho, em Campo Grande. O parlamentar também falou durante o grande expediente, ressaltando a importância do hábito de leitura.
A campanha ‘Outubro Rosa’ foi outro assunto abordado no grande expediente. O deputado Petrick Alexandre usou a tribuna para discursar sobre a importância da conscientização quanto à doença. Depois dos discursos dos deputados, seguiu-se para a ordem do dia, com votação e aprovação, por unanimidade, do requerimento feito pelo estudante Carlos Anastácio.