Durante contundente pronunciamento contrário à Reforma da Previdência em sessão desta quinta-feira (16), o deputado João Grandão foi interpelado por colegas da Casa de Leis, que destacaram sua propriedade para falar sobre o assunto ao relembrar sua atitude de abrir mão do direito de aposentadoria parlamentar quando ainda era deputado federal, cargo que ocupou em duas oportunidades, de 1999 a 2007, no Congresso Nacional.
Na época, João Grandão, com 34 anos de contribuição previdenciária como bancário, poderia ter acesso às facilidades do antigo Instituto de Previdência dos Congressistas (IPC) e se aposentar com salário de ex-deputado federal, mas optou por continuar recolhendo sua contribuição pelo INSS.
“O senhor tem autoridade moral para discutir sobre a Reforma da Previdência, deputado João Grandão, pois não fez uso de algo que poderia até ser legal, mas é imoral, afinal de contas há casos de deputados federais que trabalharam muito menos do que o senhor e se aposentaram com um salário fora da realidade brasileira”, destacou o deputado Amarildo Cruz (PT).
Com plano de previdência próprio, ex-senadores e ex-deputados recebem, em média, R$ 14,1 mil por mês, enquanto no INSS esse número é de R$ 1.862. A União gasta todo ano R$ 164 milhões para pagar 1.170 aposentadorias e pensões para ex-deputados federais, ex-senadores e dependentes de ex-congressistas. O valor equivale ao que é despendido para bancar a aposentadoria de 6.780 pessoas com o benefício médio do INSS, de R$ 1.862.
Na ausência dos demais deputados da Mesa Diretora da Casa de Leis, o deputado estadual Paulo Siufi (PMDB) assumiu a presidência da sessão e aproveitou a ocasião para, em nome da Mesa, reforçar os elogios à decisão do deputado João Grandão.
“Vossa Excelência dá exemplo de honra e prova que tem estatura moral. Sou cada vez mais admirador da sua pessoa, da sua humildade, simplicidade e honestidade”, disse o peemedebista.