Campo Grande (MS), Belém (PA), Cuiabá (MT) e Teresina (PI) estão entre as capitais brasileiras que já decidiram não realizar o carnaval em 2022, apesar de garantir recursos para as entidades legalmente estabelecidas. O motivo: a pandemia de Covid-19 ainda não foi debelada. Outras mais de duas mil cidades estão adotando semelhantes providências.
Nos principais centros de efervescência nesse período, os interesses econômicos e sociais – sobretudo a geração de empregos que a temporada propicia – continuam sendo fortes fatores de pressão a favor do carnaval, como no Rio de Janeiro, São Paulo, Salvador, Recife e Olinda. O prefeito campo-grandense Marquinhos Trad (PSD) fez o anúncio oficial em novembro, quando comunicou o cancelamento, ressalvando, porém, que a prefeitura daria todas as condições para o desfile de rua, sob condições especiais.
A Liga das Escolas de Samba de Campo Grande (Lienca) estuda com o prefeito um formato específico para o desfile de rua, com atenção especial para procedimentos e situações previstas nos protocolos de biossegurança, como o distanciamento seguro entre as pessoas e a formação de ambientes para a folia online. Conscientes do quadro impositivo de uma pandemia que ainda continua infectando, adoecendo e matando, e agora com o surgimento da nova variante, a Ômicron, os carnavalescos locais preparam-se para uma adaptação.
Em Corumbá, a capital sul-mato-grossense do carnaval e uma das cidades mais procuradas pelos foliões em fevereiro, a vida continua batucando, com coronavírus ou não. Os ensaios das escolas de samba estão sob temperatura máxima e a programação da Liga das Escolas de Samba (Liesca) prossegue inalterada. No início do mês vários espaços foram ocupados pelas escolas para apresentação de sambas-enredo, rainha da bateria e outras atrações. O uso da máscara e o distanciamento não estão sendo levados muito a sério.
O presidente da Liesca, Victor Raphael, recebeu o colega da liga de Campo Grande, Alan Catharinelli, para um evento na noite de domingo, com as escolas Estação Primeira do Pantanal, Unidos da Major Gama, Mocidade da Nova Corumbá, Vila Mamona e Marquês de Sapucaí. Outra festa estava anunciada pela Império do Morro para o final de semana seguinte. Os blocos – são cerca de 40 na “Cidade Branca” – já divulgam seus sambas-enredo e estudam como farão quando chegar fevereiro, com as restrições por causa do coronavírus em vigor. Afinal, são eles que abrem a folia.
No caso da Capital, a Lienca acredita que apesar das restrições e da proibição do desfile popular de rua, será possível criar um clima carnavalesco. E enquanto fevereiro não chega, os eventos de pré-temporada se multiplicam com o apoio da Liga e a forte participação das escolas. Na semana passada Lienca e carnavalescos fizeram um “esquenta” durante o projeto ‘Canta Campo Grande’, com o sambista Marquinhos Art, intérprete da Mangueira, o Grupo Vermelho e Branco, passistas, a bateria da Vila Carvalho, o Rei Momo e a Rainha do Carnaval 2022.