A proibição das coligações partidárias nas eleições proporcionais, o prazo para as filiações (com a flexibilização da fidelidade partidária), as restrições às notícias falsas (fake news), a quarentena para juízes e policiais e a contagem em dobro dos votos dados a mulheres e afrodescendentes estão na reforma eleitoral (PEC 125/11) aprovada pelo Congresso Nacional.
As regras, com suas novidades e seus entulhos, começam a criar no Brasil cenários imprevisíveis para 2022, embora em alguns estados, como no caso de Mato Grosso do Sul, a relação de forças não seja tão afetada. Conforme análise de experientes protagonistas dos processos políticos locais, o PSDB desembarcará na próxima disputa eleitoral até mais forte do que quando saiu das eleições estaduais de 2018 e das municipais de 2020.
Mesmo diante de eventuais alterações na base aliada – como a fusão entre DEM e PSL, sacramentada na última quarta-feira (6)-, os tucanos guaicurus devem ingressar na próxima campanha com os parceiros que os acompanham desde 2014, quando Reinaldo Azambuja ganhou seu primeiro mandato de governador. Em 2018, na sua reeleição, Azambuja teve como aliados eleitorais o PMN, DEM, PP, PSB, PTB, Patriota, PSD, Avante, Solidariedade e Pros. O PSL era partido de Jair Bolsonaro e seus fiéis no Estado não apoiaram Azambuja.
Agora, estremecidos com o presidente, os pesselistas se juntam ao DEM no União Brasil, nascido dessa fusão, e quem sabe, no plano nacional, dedicam buscar em seus próprios quadros um nome de terceira via como opção a Bolsonaro e ao petista Lula. Já em Mato Grosso do Sul, caso não prospere o projeto de lançar sua própria chapa majoritária, a tendência do novo partido é ficar com o candidato do PSDB, o secretário de Infraestrutura, Eduardo Riedel.
DIFERENCIAIS
O PSDB é a maior força partidária do Estado. Com cerca de 36 mil filiados em todos os municípios, 35 prefeitos, 15 vice-prefeitos, um exército superior a 200 parlamentares municipais, três deputados federais e cinco estaduais, a sigla ainda controla importantes posições estratégicas, como a presidência da Assembleia Legislativa (Alems), com o deputado Paulo Corrêa; da Associação dos Municípios (Assomasul), com o prefeito de Nioaque, Waldir Couto Jr; e de dezenas de Câmaras de Vereadores.
Esse panorama não define o resultado das eleições, o que só se conhece com a abertura das urnas. Porém, dá aos tucanos um diferencial único para dar a largada e fazer a campanha com indiscutível capacidade de mobilização política e popular, confirmando-se como uma das agremiações mais competitivas dentro do contexto político-eleitoral sul-mato-grossense. Assim, as mudanças definidas pela nova legislação eleitoral, em princípio, não afetam o projeto político do PSDB.