Durante cinco anos o governador Reinaldo Azambuja (PSDB) apostou todas as suas fichas numa estratégia de gestão que, respeitando o peso da crise e armando o Estado para a resistência e o combate, capacitaria Mato Grosso do Sul para retomar o crescimento. Foram 60 meses – e outros iguais ainda virão – de obediência a um rigoroso planejamento. Com os resultados pontuados a cada exercício por desempenhos de referência, agora se desenha a alentadora previsão dos indicadores: o Estado será o terceiro nos níveis de crescimento da economia em 2020.
A economia estadual deve fechar o exercício com um crescimento acumulado do Produto Interno Bruto (PIB) de 8,8% em relação ao período pré-crise (2014). De acordo com o levantamento da Tendência Consultoria Integrada, MS deve apresentar o terceiro melhor resultado, tendo à frente Mato Grosso e Roraima. Isso coloca Mato Grosso do Sul em um grupo muito seleto. Em todo o território nacional, somente 12 estados e o Distrito Federal vão terminar com o PIB acima do nível pré-crise. Os outros precisarão de mais tempo para recuperar o tamanho da economia antes da recessão, em 2013 e 2014.
O PIB brasileiro fechará o ano 1% abaixo do nível pré-crise. Os piores resultados são esperados para Bahia (-5,6%), Rio Grande do Norte (-6,9%), Amapá (-7,2%) e Sergipe (-7,3%). O PIB é a soma de todos os bens e serviços produzidos em determinada localidade. Só dois estados terão crescimento ainda maior que o de Mato Grosso do Sul: Mato Grosso (12,6%) e Roraima (11,6%). Economias importantes como São Paulo, Minas Gerais e Rio de Janeiro não conseguiram superar a crise e vão terminar com resultado negativo.
MEDIDAS DURAS
O índice positivo de Mato Grosso do Sul reflete – em boa parte – à política de desenvolvimento econômico, com o fomento à modernização, uso da ciência e tecnologia e aumento da produtividade agropecuária e a uma série de medidas de austeridade do governo estadual, com as reformas administrativa e previdenciária e a renegociação de contratos e da dívida. O governador avalia que só foi possível superar as dificuldades e continuar a fazer obras importantes durante a crise por conta de medidas duras e impopulares.
“Eu enfrentei aqui pautas extremamente duras, mas necessárias. Quem governa tem que ter coragem para enfrentar, mesmo sendo impopular, para conseguir fazer mais do que apenas pagar o salário do funcionalismo, a despesa previdenciária e o serviço da dívida. Graças a medidas que tomamos conseguimos fazer entregas. O Valor Econômico colocou o estado como quarto em investimento. E o que vale para a população é investimento. É saúde, educação, segurança, infraestrutura”, diz.
“Somos o terceiro Estado com maior capacidade de recuperação do PIB e isso se deve aos fundamentos de nossa economia”, afirma o secretário estadual de Meio Ambiente, Desenvolvimento Econômico, Produção e Agricultura Familiar, Jaime Verruck. Comenta que o agronegócio sofreu muito com a crise e tem apresentado uma recuperação exuberante. “Colhemos uma safra recorde de milho ano passado. Neste ano teremos safra recorde de soja. Além disso, cabe destacar a diversificação das atividades com retomada da produção sucroenergética, do eucalipto e o PIB da agroindústria, que também contribuiu muito”.
REAÇÃO
Um estudo da Semagro mostra que em 2015, quando o Brasil entrou em crise, o PIB de Mato Grosso do Sul registrou queda de -0,27%. No ano seguinte, novo tombo, de -2,63%. A partir de 2017 teve início a recuperação, com forte crescimento de 4,88%. Para 2018 o índice previsto é de 2,86%, mais 2,23% em 2019 e 3,36% em 2020. Beneficiada pelo câmbio desvalorizado e pelo avanço da agropecuária, a região Centro-Oeste foi a que menos sofreu durante a crise econômica.
A expectativa é que a economia avance 2,4%. Com a recuperação da economia, em março próximo Azambuja vai lançar mais de R$ 3 bilhões em obras para os 79 municípios do Estado, por meio do programa Governo Presente. O governador afirma que irá atender as demandas municipais, independentemente de questões partidárias.