Quando o presidente eleito Jair Bolsonaro (PSL) decidiu fazer a conta-gotas o anúncio dos futuros ministros e membros do segundo escalão, reinava intensa expectativa em Mato Grosso do Sul com a possibilidade de ter dois de seus representantes políticos na equipe. A primeira notícia foi dada há duas semanas, com a confirmação da deputada federal reeleita Tereza Cristina para chefiar o Ministério da Agricultura. E uma semana depois o presidente confirmou o deputado federal Luiz Henrique Mandetta, que não disputou a reeleição, para comandar o Ministério da Saúde. Além da identidade regional – ambos são sul-mato-grossenses -, Tereza Cristina e Mandetta têm em comum outra identificação marcante: são filiados ao DEM.
Com essas duas escolhas, Bolsonaro bate o martelo para consolidar um fato histórico: pela primeira vez Mato Grosso do Sul emplaca dois ministros no staff titular do primeiro escalão do Planalto. Um feito que chamou a atenção de todo o País, sobretudo porque as duas escolhas chegam robustecidas pelo apoio empolgado do presidente e maiúscula aprovação de lideranças políticas e forças setoriais envolvidas.
Além de um ganho extraordinário na valorização de seu peso político dentro do cenário nacional, Mato Grosso do Sul obtém, a partir das duas escolhas, um fator decisivo em flancos fundamentais de sua geoeconomia: a governabilidade do Estado e do maior município, Campo Grande. Assim, não poderia haver melhor costura no tecido gerencial que ganha forma na complexa transição de um exercício para outro.
APOIO
Os dois futuros ministros podem, dessa forma, servir de importantes elos com o Palácio do Planalto e vitaminar a presença do governador Reinaldo Azambuja (PSDB) e do prefeito de Campo Grande, Marquinhos Trad (PSD), na esteira da agenda presidencial. Antes de fazer estas opções e escolher seus ministros, Jair Bolsonaro avaliou detidamente prós e contras de cada realidade pessoal, política e partidária ao seu redor.
O presidente deve saber até que ponto valerá a pena chamar para seu ministério dois nomes de um Estado eleitoral, política e economicamente sem tamanho para competir com os estados que atuam como “donos do pedaço”, como São Paulo, Rio de Janeiro, Bahia, Minas Gerais, Santa Catarina, Paraná e Rio Grande do Sul. São duas escolhas que, em princípio, incomodariam representantes dos estados com maiores PIB (Produto Interno Bruto) e representação congressual. No entanto, parece que o histórico pessoal de Tereza Cristina e Mandetta foi suficiente para convencer Jair Bolsonaro.
Na opinião dos colegas de Medicina e da Câmara dos Deputados, Mandetta é um político, médico e estudioso capacitado e conhecedor profundo dos desafios da saúde. Médico ortopedista, passou por experiências da profissão e em cargos de gestão, como no Hospital Militar e Hospital Geral do Exército, no Rio de Janeiro; Santa Casa, Unimed e Secretaria de Saúde de Campo Grande.
Foi eleito deputado federal em 2010, reeleito em 2014 e preferiu não disputar outro mandato este ano, quando chegou a ser cotado entre as alternativas do DEM para concorrer ao Governo ou Senado. É filho de um dos mais antigos e renomados médicos do Estado, Hélio Mandetta, a quem considera sua principal e exemplar referência na medicina e no trato das questões humanistas.
Tereza Cristina Corrêa da Costa é de uma das famílias mais tradicionais do Estado, com presença destacada no agronegócio e na política desde quando Mato Grosso era um só. Líder atuante do ruralismo, tem reconhecimento nacional e internacional por sua entrega às causas do segmento produtivo. Antes de se eleger deputada federal – está no segundo mandato – foi diretora e ativista sindical e secretária estadual de Produção e Desenvolvimento.
Na Câmara dos Deputados é uma das mais atuantes. Está entre as principais interlocutoras da Frente Parlamentar da Agropecuária – da qual é a coordenadora – e sempre é solicitada para os debates que focalizam as demandas da agricultura brasileira.