José Maria Pereira Lopes, gerente do Cedoc (Centro de Documentação da Fundação Padre Anchieta, mantenedora da TV Cultura SP), e Bosco Martins, diretor-presidente da Fertel (Fundação Luiz Chagas de Rádio e TV Educativa de Mato Grosso do Sul), avançaram com passos decisivos para consolidar parceria pioneira na área da comunicação pública. Na terça-feira, 24, com a presença de servidores da Fertel no Palácio das Comunicações, em Campo Grande, eles começaram a ajustar o acordo de digitalizar e, possivelmente, comercializar seu acervo, em um projeto pioneiro em termos nacionais.
A ideia é facilitar o armazenamento e distribuição dos conteúdos audiovisuais, transformando-os não apenas em um arquivo sobre a história da TV pública sul-mato-grossense, mas em uma fonte de receitas para a fundação e também em um catálogo digital de atrações. De acordo com Bosco Martins, um dos aspectos desse acordo seria operar como um sistema de streaming, no qual a audiência teria acesso aos diferentes produtos da TVE Cultura MS e de suas antecessoras em Mato Grosso do Sul.
O streaming é um anglicismo utilizado para definir a transmissão contínua ou fluxo de mídia, uma forma de distribuição digital, em oposição à descarga de dados. Segundo Pereira Lopes, o processo de digitalização mobiliza o Cedoc da TV Cultura, permitindo o armazenamento eletrônico de mais de 80 mil atrações e abrindo a mesma possibilidade a todas as emissoras públicas brasileiras.
“O acervo dessas empresas é incrivelmente rico. No nosso caso, empresas como a Amazon já demonstraram interesse no conteúdo”, disse Lopes. Durante a reunião, o representante da TV Cultura – parceira da sul-mato-grossense na veiculação de atrações em rede– esclareceu dúvidas sobre várias questões, de direitos autorais à distribuição do conteúdo digital. Salientou que os acervos das emissoras compõem um patrimônio de grande valor comercial e podem gerar ativos, ajudando no custeio e transformação das atividades de telecomunicações.
“Em um período de muitos cortes orçamentários e dificuldades financeiras, o movimento das emissoras públicas agora visa à própria sobrevivência”, assinalou Lopes. “A TV Cultura tem obtido resultados satisfatórios com a abertura de seus acervos, algo feito também por grandes emissoras de caráter comercial”, pontuou Lopes. “Nossa proposta é a de inovar”, assegurou. “A partir do momento em que há demanda por nosso acervo, precisamos avaliar meios que permitam sua exploração comercial”, opinou Carlos Diehl, produtor e diretor de atrações da TVE Cultura MS.
Bosco Martins lembrou que a iniciativa vai ao encontro das necessidades priorizadas pelas emissoras públicas em reuniões do Fórum Nacional do setor, especialmente quanto à necessidade de se gerar orçamento. Martins presidiu o Fórum até agosto deste ano.