Na manhã desta quinta-feira (15) Mato Grosso do Sul perdeu um de seus personagens emblemáticos dos movimentos populares e democráticos: Edmir Leocádio Figueiredo de Moraes, o Abelha. Aos 64 anos, ele estava internado na UTI do Hospital de Caridade, em Corumbá, sua cidade natal, e não resistiu ao segundo AVC (Acidente Vascular Cerebral) que sofreu em menos de dois meses.
Abelha era solteiro, tinha uma filha, três netas e uma bisneta. Servidor da Prefeitura de Corumbá e lotado na Fundação de Cultura e do Patrimônio Histórico, estava trabalhando no Museu da História do Pantanal. Era filiado ao PT. Teve uma intensa trajetória de militância política e social, que começou como estudante secundarista, na organização de grêmios estudantis e em seguida na construção da Juventude do MDB (depois JPMDB), uma das maiores e mais atuantes organizações partidárias juvenis do Estado.
Na JPMDB Abelha destacou-se nas campanhas eleitorais e mobilizações em grandes reivindicações políticas e sociais, principalmente as da Anistia, Diretas-Já e contra a instalação de usinas de álcool no Pantanal. Outras bandeiras políticas seriam desfraldadas, sempre com a sua presença, como as que defendiam direitos dos povos indígenas e das mulheres, contra o racismo, pelo passe-livre estudantil, autonomia sindical e voto aos 16 anos.
Abelha foi funcionário da Codesul (Companhia de Desenvolvimento de Mato Grosso do Sul), no início dos anos 1980, e gerenciou a Unei Pantanal (Unidade Educacional de Internação). Formou-se em História pela Universidade Federal (UFMS), em Corumbá. Dedicado aos seus ideais, foi um dos fundadores do Conselho Municipal de Defesa dos Direitos do Negro e titular da Gerência de Igualdade Racial na gestão do prefeito Ruiter Cunha (PT), quando foi elaborado o primeiro dispositivo institucional de políticas públicas afirmativas da cidade.
Flamenguista apaixonado e dono de vastos conhecimentos gerais, cultivava amizades aos montes e tinha na música e nas artes outras grandes paixões. Foi um dos fundadores dos blocos carnavalescos Vizinha Faladeira e o sucedâneo Nação Zumbi.