Marquinhos Trad (PSD), pela reeleição; Rose Modesto ou Beto Pereira (PSDB); Sérgio Harfouche (sem partido); Dagoberto Nogueira (PDT); Marcelo Miglioli (SD); Pedro Kemp ou Cabo Almi (PT); Marcelo Bluma (PV); Márcio Fernandes (MDB); Paulo Matos (PSC); Capitão Contar (PSL); e João Catan (PL). Em princípio, seriam estes os nomes que já se apresentaram ou constituem alternativas partidárias para a disputa sucessória de 2020 em Campo Grande.
É evidente que a lista pode aumentar ou diminuir quando se aproximar a hora de os partidos realizarem as convenções para homologar candidaturas e alianças. Ainda há várias indefinições. O PTB, que recentemente caiu nas mãos de Delcídio Amaral, pode aparecer com o próprio ex-senador petista como candidato – desde, é óbvio, que esteja livre das amarras processuais que tramitam na Justiça. O juiz federal aposentado Odilon de Oliveira, que foi candidato do PDT ao Governo em 2018 e deixou o partido, já disse que pode filiar-se a outra legenda para entrar na disputa.
A CORRIDA
Para analistas mais experientes e segundo pesquisas já publicadas, Marquinhos Trad é o grande favorito. Há, inclusive, uma projeção de sair reeleito do primeiro turno, se prevalecer a intenção declarada do governador Reinaldo Azambuja (PSDB), a favor de uma aliança entre os tucanos e o PSD para turbinar o prefeito. Nesse caso, especula-se como forte hipótese a indicação de uma liderança “reinaldista” para vice na chapa. Os nomes de maior evidência são os do vereador e presidente da Câmara, João Rocha, e do assessor especial do governador para assuntos de Campo Grande, Carlos Alberto Assis.
O curioso deste mosaico é que, mesmo diante de uma possível aliança com o PSD, os tucanos mantém na cena, e em primeiro plano, suas próprias fichas para o caso de fazer um voo-solo no céu da sucessão. O ninho tem duas opções mais imediatas: os deputados federais Rose Modesto e Beto Pereira. E ainda um terceiro nome, em última análise, o secretário de Governo e Gestão Estratégica, Eduardo Riedel.
A lógica manda inferir que a base peessedebista optaria por atender um apelo do governador, seu maior líder, e emprestaria total adesão à aliança com o PSD. Porém, a lógica na política às vezes tem mais de um caminho. Nesse caso, a segunda via, que é a da candidatura própria, lançaria no páreo Rose ou Beto. Ambos têm méritos políticos, mas eleitoralmente ela é a mais indicada. Foi Rose quem levou a disputa da Prefeitura ao segundo turno em 2018, aplicando ao vencedor um susto no duelo das urnas.
Embora fiel politicamente ao governador, Rose não esconde de ninguém o seu desejo de administrar a capital sul-mato-grossense. E estaria analisando cuidadosamente convites de outros partidos que querem tê-la como candidata. Já conversaram com ela o MDB, o Podemos – dirigido por liderados de seu grupo – e o PP, entre outras legendas. A conta de Beto Pereira também possui saldos políticos. O presidente regional do PSDB e secretário especial do governador, Sérgio de Paula, trabalha em favor da candidatura do deputado. É um apoio de considerável influência nesse jogo, mas só seria utilizado, em tese, no caso de não acontecer o “casamento” com o PSD.
Ainda pelo o que enxergam os especialistas locais, depois de Rose Modesto quem mais contribuiria para tirar votos de Marquinhos Trad e engordar a soma que levaria ao segundo turno é o procurador Sérgio Harfouche. Ele surpreendeu com sua votação para o Senado. Em Campo Grande foi o mais votado, batendo inclusive o eleito Nelsinho Trad (PTB), que foi prefeito da cidade duas vezes, vereador outras três e deputado estadual, enquanto Harfouche jamais exerceu mandatos políticos. Falta a Harfouche encontrar o partido certo, que lhe possibilite ampliar o arco de sua capilaridade política e eleitoral.
PRÓS E CONTRAS
Se o PSL não estivesse rachado em Mato Grosso do Sul, certamente estaria com uma candidatura preparada e determinada para fazer a disputa majoritária na cidade: o deputado estadual Coronel David. Entretanto, mesmo sendo um dos “queridinhos” do presidente Jair Bolsonaro e o melhor pontuado do PSL em todas as pesquisas, David não tem apoio da cúpula partidária, que prefere outro deputado, o Capitão Contar.
Já em ritmo de pré-campanha, Contar corre com tanto açodamento em busca de visibilidade que começa a escorregar. O requerimento com o qual tentou criar a CPI da Energisa não apresentou um fato determinado que a justificasse. Por isso, não atraiu o número suficiente de assinaturas: só ele e mais cinco deputados aderiram. E até quarta-feira, 30, ainda faltavam duas assinaturas para aprovar a Comissão.
Irritado com a recusa dos colegas em subscrever a CPI, Contar fez o que não devia para vender o seu peixe: lançou uma campanha com outdoors e panfletos atacando e tratando de inimigos do povo os 18 deputados que não quiseram assinar o documento. Só não explicou os motivos. Em troca, ganhou reações nada amistosas e conselhos constrangedores sobre como se comportar no exercício de um mandato e respeitar a liturgia da convivência parlamentar.
SEM GÁS
O MDB seria, a rigor, o principal concorrente de um prefeito que é candidato à reeleição em Campo Grande. Esse tempo, contudo, já passou. O que resta do que foi o maior e mais forte partido de Mato Grosso do Sul é uma pálida sombra da maiúscula representação política e eleitoral que deteve durante mais de 30 anos. Com os escândalos da “Lama Asfáltica” e outras operações de combate à corrupção envolvendo os governos de André Puccinelli, o PMDB-MDB começou a derreter.
Nos últimos anos, sobretudo a partir de 2014, na primeira eleição do governador Reinaldo Azambuja, o império emedebista transformou-se numa sucessão implosiva de derrotas eleitorais. Perdeu a hegemonia das prefeituras, incluídas as que já tinha e as que disputou – entre elas as cinco maiores (de Campo Grande, Dourados, Três Lagoas, Corumbá e Ponta Porã) -, viu o número de vereadores seus diminuir e o dos adversários aumentar, ao mesmo tempo que sofreu um brutal esvaziamento das bases partidárias na capital e no interior.
Não fossem os escândalos, as pesadas denúncias, os bloqueios de bens, o uso de tornozeleira e a exposição constrangedora durante as operações policiais, Puccinelli seria hoje o grande adversário de Marquinhos Trad e Rose Modesto. Sem ele, o MDB só teria três caminhos: lançar um candidato na cabeça de chapa para conservar a mística e o apelo histórico da sigla, indicar um de seus filiados para vice ou lançar apenas a chapa de postulantes à Câmara de Vereadores.
Com Puccinelli fora – porque não tem condição jurídico-política -, o MDB ficou quase sem opções. A senadora três-lagoense Simone Tebet está mais ocupada com um mandato que lhe dá enorme visibilidade, especialmente agora presidindo a Comissão de Constituição e Justiça. Resta o deputado estadual Márcio Fernandes, que estaria pronto para o sacrifício. Improvável, no entanto. Assim, a tendência é a disputa ser travada sem o MDB.
No caso do PT, que já foi a segunda força eleitoral campo-grandense, a projeção para 2020 também não é nada favorável. Seu líder mais competitivo, o ex-governador Zeca do PT, parece que se afastou das disputas eleitorais. Um grave problema de saúde (no fêmur) e contratempos de ordem financeira tiraram Zeca de cena. Ele sequer aceitou tomar posse como presidente regional do partido, depois de vencer as eleições internas.
O deputado federal Vander Loubet já foi candidato a prefeito e não reivindica outra experiência igual. A militância, que ainda sonha com uma mudança nos planos de Zeca do PT, abre possibilidades para recorrer a um dos dois deputados estaduais, Pedro Kemp e Cabo Almi. Cada um tem seu próprio perfil, mas não encontrariam dificuldade em ganhar apoio maciço dos militantes, mesmo sabendo das dificuldades que o PT já enfrenta, em especial com os desgastes em nível nacional e a falta de recursos para uma campanha com essa dimensão.