De acordo com os documentos recolhidos pela CPI da Covid, o ministro da Economia, Paulo Guedes, interferiu com seus assessores na elaboração da Medida Provisória 1.026/21, que tratou da aquisição de vacinas contra a Covid-19. Guedes se intrometeu para neutralizar um dispositivo legal que facilitava a compra de vacinas da Pfizer e Janssen.
A denúncia foi publicada pela ‘Folha de São Paulo’ e os documentos que a embasaram agora servem para o colegiado parlamentar robustecer o relatório que será preparado pelo senador alagoano Renan Calheiros. A cláusula vetada pelo governo autorizava a União a assumir eventuais riscos e custos de possíveis efeitos adversos da vacina. Tratava-se de exigência das farmacêuticas para negociar o imunizante em todos os países.
BALA DE PRATA
O portal The Intercept divulgou um vídeo no qual Mayra Pinheiro, a secretária de Gestão do Trabalho e Educação do Ministério da Saúde, combina com outras pessoas seu depoimento à CPI do Senado. Conhecida como “Capitã Cloroquina”, ela conversa com o pesquisador Regis Bruni Andriolo, defensor da cloroquina e ligado à Universidade do Estado do Pará, e o médico olavista e também secretário da pasta, Helio Angotti Neto.
Mayra foi a responsável por lançar o aplicativo TrateCov em Manaus, que causou polêmica até ser retirado do ar após a descoberta de que se tratava de um sistema para receitar o ‘tratamento precoce’ contra a Covid. Na conversa, pede orientações e pergunta se há uma “bala de prata” para “provar” que “cloroquina funciona”.
DINHEIRAMA
O senador Alessandro Vieira (Cidadania-SE), membro da CPI, afirmou ter sido encontrada uma movimentação financeira atípica de R$ 50 milhões em transações entre empresas do empresário Francisco Maximiano, da Precisa, e pessoas físicas. Segundo o senador, são “movimentações sem lastro na realidade, compatíveis com processos de lavagem de dinheiro”.
Para Vieira, a comissão já identificou uma “cadeia de comando clara”, que vai do ex-secretário executivo do Ministério da Saúde coronel Élcio Franco, o general Pazuello, e ministros Braga Netto e Ramos e o próprio presidente da República. “Os crimes de responsabilidade devem ser encaminhados à Câmara, os crimes comuns à Procuradoria Geral da República e, eventualmente, os fatos podem ser levados ao Tribunal Penal Internacional, para avaliar possível crime contra a humanidade”.