Segundo informações da Publica, uma agência de jornalismo investigativo, até o início da semana 1490 pessoas e mais de 500 organizações assinaram pedidos de impeachment do presidente Jair Bolsonaro. Foram enviados 117 documentos ao presidente da Câmara dos Deputados, sendo 64 pedidos originais, 7 aditamentos e 46 pedidos duplicados. Até agora, apenas 6 pedidos foram arquivados ou desconsiderados. Os outros 111 aguardam análise.
Esses documentos revelam que a pressão popular e política estão apertando o cerco aos presidentes da República e Câmara dos Deputados, Arthur Lira (PP/AL), que é quem decide se abre ou não um desses processos de afastamento. Matheus Pichonelli, jornalista, cientista social e analista político, deduz que diante desse quadro, acuado pela CPI da Pandemia e com pesquisas de opinião pública com um quadro desfavorável, o presidente já adotou uma estratégia: radicalizar.
“Bolsonaro deu mais um sinal, no início desta semana, de que está disposto a dobrar a aposta na radicalização. Investigado como vetor da explosão de contaminação em seu país, o capitão aparentemente decidiu ajudar os trabalhos da comissão ao produzir mais provas contra ele mesmo”, escreveu Pichonelli em um artigo. E acrescentou: “Nesta segunda-feira, 17, ele atacou novamente o isolamento social criando uma falsa dicotomia entre trabalhador urbano e rural e chamando de idiotas quem decidiu ficar em casa para se proteger”.
O analista refere-se a uma declaração do presidente, ao abordar as situações que são criadas pela pandemia e afetam a vida da população. São suas estas palavras: “Tem uns idiotas aí, o ‘fique em casa’. Tem alguns idiotas que até hoje ficam em casa. Se o campo tivesse ficado em casa, esse cara tinha morrido de fome, esse idiota tinha morrido de fome. Daí ficam reclamando de tudo”, disparou.
Segundo Matheus Pichonelli, desde a descoberta de Fabrício Queiroz no sítio do advogado de sua família em Atibaia (SP), Jair Bolsonaro caminha entre a cruz do próprio mito e a espada do centrão. “Ele segue onde está com o apoio de novos amigos como Fernando Collor, Arthur Lira e Ciro Nogueira. Amigos que, em outros tempos, não coravam ao defender os governos petistas”.