O adiamento das eleições para 15 e 29 de novembro, conforme fiou estabelecido pela PEC aprovada na Câmara dos Deputados, recebeu apoio da esmagadora maioria do parlamento. No entanto, mesmo em minoria alguns deputados tentavam convencer seus colegas que havia outras alternativas a considerar: a prorrogação dos mandatos até 2022 ou um prazo mais longo que levasse o pleito até dezembro.
Para que essas opiniões divergentes não criassem um ambiente de dúvidas sobre o papel e o interesse do Legislativo, foi fundamental a atuação do presidente da Câmara, deputado Rodrigo Maia (DEM/RJ). Ele conduziu com firmeza e elogiável sensibilidade democrática todo o processo que levou à sessão de quarta-feira (1), quando a mais ampla maioria garantiu o adiamento das eleições.
Vários deputados, muitos bastante conhecidos da opinião pública nacional, se esquivaram do apoio à PEC do adiamento. A principal justificativa de quem é contra ou se absteve de votar é o de que não haverá controle total da pandemia em novembro e os eleitores continuarão correndo os mesmos riscos que correm hoje.
O deputado tucano de Minas Gerais, Aécio Neves, ex-candidato à presidência da República, foi o único que optou pela abstenção quando aconteceu a primeira votação. Da bancada mineira foram poucos os votos contrários, entre os quais os da deputada Alê Silva (PSL) – para quem o adiamento de menos de dois meses é medida inócua – e do emedebista Newton Cardoso Jr.
O deputado federal Danilo Cabral (PSB/PE) votou contra a nova data das eleições. O parlamentar já havia defendido que as eleições ocorressem de forma unificada em 2022 e aponta incoerências na decisão aprovada pela Câmara. “O processo, qualquer que seja neste ano, será marcado por muitas incertezas”, sustenta. “Temos o Enem, que está em deliberação e poderá ser realizado em maio do ano que vem, o que irá atingir cinco milhões de brasileiros, enquanto o processo eleitoral em um único dia atinge 120 milhões de pessoas. Pode ser um processo bastante arriscado. Não temos certeza de quando isso tudo vai terminar, não temos vacina e nem remédio”, declarou.
O deputado federal Pastor Eurico (Patriota) é um dos oito de Pernambuco que votaram contra a proposta de postergação da campanha. Para ele, a mudança trará mais prejuízos do que benefícios aos eleitores. “As pessoas já estão habituadas a se proteger e não teria problema nenhum nas seções de votação. Por outro lado, eleições são um banco de negócios para algumas pessoas”.