A 15 dias da Convenção do MDB convocada para homologar o seu nome na disputa sucessória em Mato Grosso do Sul, o ex-governador André Puccinelli teve sua prisão solicitada pelo Ministério Público Federal e cumprida pela Polícia Federal na sexta-feira (20). Com ele foram presos também o filho, André Puccinelli Jr, e João Paulo Calves, ambos advogados. Pesa contra o trio e ao chamado grupo andrezista uma série de denúncias e de acusações.
Desta vez, o motivo da prisão – a segunda de Puccinelli – sustentado pelo MPF é o crime de lavagem de dinheiro, investigado na Operação Lama Asfáltica e nos seus desdobramentos em outras operações especiais de combate à corrupção. Ao todo, incluído o ex-governador e seu filho, essas investigações já levaram à cadeia 11 pessoas de seu grupo, entre as quais o ex-secretário de Obras e ex-deputado federal Edson Giroto e o empresário João Amorim.
O MPF alega que Puccinelli, o filho e Calves, mesmo depois de presos (em novembro de 2017) e sob investigação, continuavam praticando a lavagem de dinheiro e dando sequência a ilícitos apurados na Lama Asfáltica. A PF divulgou nota oficial esclarecendo que as prisões foram determinadas a pedido do MPF com o fundamento na decisão proferida pelo Supremo Tribunal Federal em maio de 2018, relativa à Operação Papiros de Lama, uma das etapas da Lama Asfáltica, a qual havia sido determinada a prisão preventiva de outros oito réus do mesmo caso.
PROVAS
Neste processo da primeira instância da Justiça Federal de Campo Grande que contém a decisão judicial determinando as prisões cumpridas nesta sexta (20), foram juntadas novas provas constantes em relatórios elaborados pela Polícia Federal, pela Controladoria Geral da União e pela Receita Federal, tais como de movimentações bancárias da empresa Instituto Ícone do Direito relativas ao dinheiro proveniente da JBS, de análises de materiais apreendidos no Instituto Ícone na 5ª fase da Operação Lama Asfáltica e análises de materiais apreendidos.
O pedido já estava autorizado pelo juiz federal Bruno Cezar da Cunha Teixeira, da 3ª Vara Federal de Mato Grosso do Sul, desde a quarta-feira (18). Entretanto, por questões de planejamento, foi cumprido nesta sexta.
OPERAÇÃO PAPIROS DE LAMA
A Papiros de Lama foi fruto da delação premiada feita pelo pecuarista Ivanildo da Cunha Miranda, ex-operador do suposto esquema de propinas de Puccinelli entre os anos de 2006 a 2013.
Miranda procurou a PF em agosto do ano passado e aliado aos seus depoimentos, perícias, documentos e provas coletadas nas outras quatro fases da Lama Asfáltica, os agentes conseguiram comprovar desvios de R$ 85 milhões, somente na Papiros de Lama. Em toda a Operação, desde 2015, o dinheiro desviado de recursos públicos ultrapassa R$ 235 milhões.
A operação envolve a Receita Federal, Polícia Federal e o Ministério da Transparência. As investigações analisaram documentos que apontariam suposto esquema de desvio de dinheiro para propinas com a suposta emissão de notas frias do Instituto Ícone, que tem como sócio o filho do ex-governador André Puccinelli (MDB). Na quarta fase da Operação, a Polícia constatou que uma concessionária de serviço público teria simulado compras de estação de tratamento e de livros jurídicos, como estratégia para pagamento de propinas.
A investigação também apurou indícios de irregularidades na compra de 3 mil livros, por R$ 300 mil, escritos pelo advogado e professor universitário André Puccinelli Júnior, filho ex-governador, que podem ter irrigado o esquema criminoso investigado pela Operação Lama Asfáltica. O Instituto também foi citado na delação de Wesley Batista, um dos empresários do Grupo JBS. A empresa teria fornecido notas frias para suposto recebimento de propina de Puccinelli do império da carne no Brasil.