Com a taxa de ocupação hospitalar atingindo a exaustão nas cinco macrorregiões do Estado – o excedente em Campo Grande terça-feira estava em 110%; Três Lagoas chegava a 96%; Dourados a 91%; e Corumbá a 100% -, o governador Reinaldo Azambuja não viu outra alternativa, senão a de tornar ainda mais drásticas as restrições. Baixou um novo decreto que determinou a partir de sexta-feira (26) a suspensão do funcionamento de todo comércio não essencial até 4 de abril.
Nesse período só podem funcionar, e dentro de horários pré-estabelecidos, as atividades consideradas essenciais. O toque de recolher foi mantido das 20h às 5h em todos os municípios, horário em que estão proibidas a aglomeração e a circulação de pessoas. Para os fins de semana foi adotada a restrição de circulação e funcionamento de estabelecimentos das 16h às 5h. Estão permitidos durante o toque de recolher apenas serviços de saúde, abastecimento alimentar, transporte, entrega de medicamentos em domicílio, farmácias, funerárias, postos de combustível, indústrias, restaurantes no interior de postos localizados em rodovias, hotéis e serviços congêneres.
Estão liberados os transportes intermunicipais, hipermercados e mercados em geral, à exceção das conveniências, sendo expressamente vedado consumir qualquer produto nesses locais. O decreto proíbe qualquer atividade com aglomeração de pessoas: eventos, reuniões e festividades, em espaços públicos ou em espaços privados de acesso ao público ou de uso coletivo. A proibição se estende a locais de lazer, como centros esportivos, balneários, clubes, salões e pesqueiros.
NECESSIDADE
A taxa de contágio continua crescendo e já está em 1.4%. O secretário estadual de Saúde, Geraldo Resende, lamenta a necessidade deste decreto: “Infelizmente, a população não está atendendo aos nossos apelos”. Segundo ele, o negacionismo da doença continua presente em boa parte das pessoas. Os municípios com maior alta de novos casos são: Campo Grande, Três Lagoas, Dourados, Naviraí e Sidrolândia.
Entre as centenas de vidas ceifadas pelo coronavírus nos últimos 10 dias, muitas foram motivo de comoção na cidade em que moravam. Em Porto Murtinho, a ex-vereadora Marciana Britos da Silva e outros membros da família estavam sob tratamento, inclusive hospitalar, contra a Covid-19. Ela, no entanto, não resistiu e foi a óbito no dia 22. Tinha 57 anos. A murtinhense Eunice Izabel, funcionária pública aposentada, era de muitas amizades, alegre e cheia de vida. Mas 40 dias antes de sua morte, começou a sofrer duros e seguidos golpes da Covid, perdeu três irmãs e um cunhado. Na terça-feira (23) fechou os olhos pela última vez.
Nessa mesma terça-feira morria em Campo Grande, aos 77 anos, o pecuarista Onofre Mandetta. Era tio do ex-ministro da Saúde, Luiz Henrique Mandetta, e dos irmãos Trad, entre eles o prefeito Marcos, o senador Nelsinho e o deputado federal Fábio. No início do ano, sua irmã Eda Mandetta Siufi também tinha perdido a luta contra o coronavírus.