O Instituto Federal de Mato Grosso do Sul (IFMS) foi destaque na edição 2018 da Mostra Internacional de Ciência e Tecnologia (Mostratec), realizada entre os dias 22 e 26 de outubro, em Novo Hamburgo (RS). Trabalhos apresentados por estudantes de Corumbá e Coxim foram premiados com credenciamentos para eventos científicos internacionais.
Uma das pesquisas foi apresentada por Maria Aparecida Silva, 18, estudante do curso técnico em Metalurgia em Corumbá. A jovem desenvolveu uma espuma cerâmica, material usado como revestimento refratário de fornos industriais, cuja matéria-prima é 100% reciclável.
“Nós desenvolvemos a espuma cerâmica a partir de garrafas de vidro que coletamos nas ruas e terrenos baldios de Corumbá e também com o fino do carvão vegetal, um rejeito das carvoarias, na pesquisa, foi utilizado como o agente espumante”, explicou Maria.
Para chegar ao resultado desejado, a estudante chegou a sair às 22h do laboratório do IFMS. “Inicialmente, fiz 200 amostras. Só que os poros ficaram muito abertos, então comecei tudo de novo. Ao todo, foram 600 amostras em três meses. Acredito que tenha ficado bem caracterizado”.
Na Mostratec 2018, a estudante do IFMS conquistou o 1º lugar entre os trabalhos da área de Engenharia de Materiais, o 1ª lugar entre todas as pesquisas de Engenharia e o principal prêmio do evento: a credencial e a viagem para participar da Intel ISEF 2019 (Feira Internacional de Ciências e Engenharia), que será realizada no Arizona (EUA), em maio de 2019.
O orientador, Felipe de Oliveira, destaca que a metodologia foi o diferencial do trabalho. “Na área de espumas, há uma grande variação nos resultados e a estudante se propôs a fazer um alto número de amostras. O estudo ficou bastante aprofundado, é um trabalho acima da média entre os estudantes do técnico integrado”.
CONSERVAÇÃO DO CALDO DE CANA
O outro projeto credenciado para um evento científico internacional foi desenvolvido pelo estudante do curso superior de tecnologia em Alimentos do Campus Coxim do IFMS, João Víctor de Andrade dos Santos, 18, quando ele cursava o ensino médio na Escola Estadual Viriato Bandeira.
Na época, o estudante queria encontrar solução para um problema vivido diariamente pelo pai, vendedor de caldo de cana. “Meu pai tinha que colher a cana todos os dias porque não havia como conservar o caldo produzido”.
Sem laboratório para fazer as análises químicas e biológicas, a escola fez uma parceria com o IFMS. Sob orientação do professor do ensino médio, Lucas Gandra, e a coorientação de Angela Kwiatkowski, professora do Instituto Federal, o estudante executou com sucesso a primeira etapa da pesquisa.
“Nós desenvolvemos uma técnica nos moldes da pasteurização e encontramos o tempo ideal de aquecimento e resfriamento do produto. Com os resultados, o caldo de cana fica conservado e apto para consumo por até 20 dias”, explicou João, que desenvolveu o trabalho com a colega de sala, Maria Eduarda Gobbi Pereira.
Em uma segunda etapa, João e Maria Eduarda descobriram que a técnica de conservação também seria capaz de inativar o Trypanossoma cruzi, protozoário presente no barbeiro, inseto causador da doença de Chagas muito comum nos canaviais.
Nessa fase, os estudantes também receberam coorientação de Aline dos Santos Garcia Gomes, professora do Instituto Federal do Rio de Janeiro (IFRJ) e pesquisadora conveniada da Fundação Osvaldo Cruz (Fiocruz).
Os resultados da pesquisa garantiram premiação na Mostratec 2018. O trabalho ficou em 1° lugar na área de Biologia Celular, Molecular e Microbiologia e foi credenciamento para representar o Brasil na MILSET Expo-Sciences International 2019, feira que será realizada em setembro, nos Emirados Árabes.
A coorientadora do trabalho pelo IFMS explica que um dos diferenciais da pesquisa é sua aplicabilidade. “É um método acessível ao produtor do caldo de cana. Ele não precisa de altas tecnologias, como possuem as indústrias de sucos. É algo acessível, eficaz e que garante a possibilidade de armazenar o produto”, destacou Angela.