As consequências do desgoverno e dos desmandos de André Puccinelli fizeram do PMDB/MDB um dos partidos mais vulneráveis do Estado e também um dos que mais causam desconforto a seus filiados.
Com os carimbos da corrupção e de adjetivos semelhantes, a histórica legenda deixou de ser um estímulo para projetos eleitorais. É o que evidencia a quantidade de lideranças constrangidas pela pecha depreciativa que afeta a legenda. Muitos procuram outras agremiações; outros se recusam a disputar projetos eleitorais nos quais teriam chances de vitória em outros tempos.
A senadora Simone Tebet, presidente da Comissão de Constituição e Justiça do Senado e uma das vozes mais influentes do Congresso Nacional, se auto-dispensou da condição de candidata ao governo estadual em 2018.
Depois de aceitar o convite para substituir Puccinelli, acuado pelas pendências judiciais, Simone Tebet nem completou uma semana de caminhada e mudou de ideia no meio da campanha. Caiu fora. Em seu lugar, o deputado estadual Júnior Mochi, que era presidente da Assembleia Legislativa, foi para o sacrifício, defendeu bravamente o nome e a história do MDB, mas amargou um incômodo quarto lugar, muito distante do segundo turno.
Sem garantir nas urnas nenhum deputado federal e nenhum senador em 2018, o MDB guaicuru é representado no Congresso apenas pela senadora Simone Tebet. Na Assembleia Legislativa, sua bancada, que já teve sete cadeiras, agora só tem três. Nas prefeituras, o número de eleitos vem encolhendo: de 23 em 2012 para 17 em 2016. E a revoada continuou. No ano passado outros prefeitos trocaram de casa, como Edinho Takazono, de Anaurilândia, que foi de mala e cuia para o PSDB.
Apesar da projeção de sofrer acachapante derrota se entrar na corrida pela Prefeitura de Campo Grande, o MDB pode com isso amenizar um pouco os estragos, desde que sua candidatura majoritária empolgue a militância e cative boas frações do eleitorado para aumentar seu número de vereadores nos municípios.
Em Campo Grande, a Câmara de Vereadores é outro território no qual o partido de Ulysses Guimarães e Wilson Barbosa Martins sempre alojou expressiva parcela de seus filiados. Hoje, com Loester de Oliveira e Wilson Sami, os emedebistas ocupam apenas duas das 29 cadeiras da Casa.
Além dos desgastes e da variação de escolhas do eleitorado, o MDB amarga também a desfiliação de muitas lideranças municipais. A ex-vereadora Carla Stephanini, que já presidiu o Diretório Municipal, é uma delas. No ano passado trocou o MDB pelo PSD, atendendo ao aceno do prefeito Marcos Trad.