Apesar dos avanços como a melhor conscientização social e dispositivos como a Lei Maria da Penha, os atos de agressão à mulher continuam rotineiros em Mato Grosso do Sul. Esta realidade fica bem visível diante dos dados que se obtêm nos registros oficiais. No entanto, há outra realidade, e muito mais trágica, oculta nas ocorrências que deixam de ser notificadas. Muitas vítimas de agressões – que vão de uma ofensa verbal ao assassinato – não prestam queixa à Polícia ou aos serviços de proteção por medo de represálias ou vergonha.
Os levantamentos oficiais informam que de janeiro a agosto deste ano foram registrados 26 casos de feminicídio, homicídio qualificado pela violência doméstica. O número é o maior dos últimos cinco anos, se comparado ao mesmo período desde 2017. Nos primeiros oito meses de 2017 foram 20 feminicídios. O mesmo número de assassinatos foi notificado no ano seguinte. Subiu para 21 em 2019 e em 2020 saltou para 22.
Até agora o mês com maior número de ocorrências este ano é agosto: foram seis. Em um deles, Laís de Jesus Cruz, 29, foi assassinada e enterrada no quintal da própria casa. Em janeiro deste ano ela tinha procurado a polícia em Sonora, a 361 km de Campo Grande, para denunciar o ex-marido, o personal trainer Pabilo dos Santos Trindade, 35, acusando-o de agredi-la e tê-la ameaçado de morte porque não aceitava o fim do relacionamento.
A Justiça aceitou a denúncia contra Pabilo, que responderá judicialmente pelos crime de feminicídio qualificado (por motivo fútil e meio cruel, com a pena aumentada por ter sido praticado na presença do filho do casal, de apenas 2 anos), fraude processual e ocultação de cadáver – enterrou o corpo de Laís no quintal.
Em Chapadão do Sul, semelhante tragédia aconteceu com Elisiane Ferreira da Silva Alves, 40, morta pelo marido, José Edilson Ramos da Silva. Após
Em Campo Grande, um pedreiro de 27 anos matou Silvana Domingos dos Santos, 31, com golpes de uma barra de ferro na cabeça. Ao ser preso, disse que agiu assim ao descontrolar-se por uma discussão sobre o preço de um programa sexual. Contudo, a família garante que a moça não era prostituta. Depois de matá-la, ele ainda levou um celular e o dinheiro que estava na bolsa da mulher.
BESTIALIDADE
Os idosos também entram nessa conta bestial. Em Amambai, a 360 km de Campo Grande, a polícia prendeu em flagrante um homem de 41 anos por estuprar uma idosa de 100 anos de idade. Ambos são de uma aldeia indígena. A vítima tem deficiência visual e relatou que já havia sido violentada duas vezes pela mesma pessoa. Na noite de 29 de julho ele invadiu a residência da anciã. Ela gritou por socorro e foi ouvida pela filha, que flagrou a violência e chamou os policiais.